Ao lado de Charlotte Adigéri, BOLIS PUPUL assinou no ano passado "Topical Dancer", álbum de música de dança ritmicamente fresca e socialmente atenta com o carimbo da Deewee, a editora de Stephen e David Dewaele - ou seja, os Soulwax.
Em 2024, o músico belga regressa com outro longa-duração, mas desta vez na sua estreia a solo. "LETTER TO YU", agendado para 8 de Março, tem inspiração na morte da sua mãe, vítima de um acidente de automóvel em 2008, e na viagem que o artista fez dez anos depois a Hong Kong, local onde esta nasceu e viveu.
O contacto com as raízes chinesas é abordado logo no primeiro single, "COMPLETELY HALF", reflexão sobre herança, fronteiras e percepção envolta numa moldura synth-pop que incorpora sons das estações de metro de Hong Kong, lembrando mais a escola de uns Metronomy (com quem Pupul já colaborou, em "Hold Me Tonight") do que o disco com Adigéri.
Produzido pelos Soulwax, tal como os outros temas do álbum, e gravado nos estúdios da dupla em Ghent, ganha interesse acrescido no videoclip que capta parte da viagem agridoce que motivou esta aventura em nome próprio. Realizado pela fotógrafa Bieke Depoorter, é certamente dos mais bem filmados (e fotografados, lá está) da temporada:
A primeira série de animação centrada no Super-Homem em mais de 20 anos traz um optimismo que tem faltado a outras adaptações do alter ego de Clark Kent. Disponível na HBO Max, "MY ADVENTURES WITH SUPERMAN" sugere que o regresso às origens pode ser uma boa ideia.
Propondo a enésima versão do Homem de Aço, a nova aposta animada da DC consegue, apesar de tudo, introduzir algum sabor a novidade no seu universo. Por um lado, a série estreada este Verão na Adult Swim, criada por Jake Wyatt ("Steven Universe, "DuckTales") e desenvolvida pelo estúdio sul-coreano Mir, tem inspiração assumida em animes e conjuga cores fortes com linhas simples, em sintonia com o tom luminoso desta história.
Por outro, convida a um regresso aos primeiros tempos de Clark Kent como jornalista no Daily Planet, em Metrópolis, numa fase em que ainda tenta descobrir quem é e como conseguiu capacidades especiais. A acompanhá-lo estão Lois Lane e Jimmy Olsen, coprotagonistas desta aventura iniciática que, a julgar pelos dois primeiros episódios, parece mais interessada nas investigações do trio (e na cumplicidade que vai sendo reforçada) do que nas batalhas do super-herói de serviço - embora estas também não faltem.
A milhas do cinismo que tem marcado o percurso do Super-Homem no grande ecrã nos últimos anos, esta abordagem opta por um Clark Kent altruísta, gentil, tímido, atrapalhado no uso dos seus superpoderes e a corar facilmente - sobretudo nas cenas com a sua nova colega e interesse amoroso. E esta combinação de inocência e idealismo dá um encanto particular a uma saga que, ao contrário da subversão de "The Boys" e "Invencível", que injectaram nova vida nos códigos dos super-heróis, encontra o seu maior trunfo na simplicidade de um relato clássico.
Os capítulos iniciais, de pouco mais de 20 minutos cada, oferecem um arranque ágil e eficaz, a valer-se de um argumento escorreito e caloroso, animação competente (a brilhar nas sequências em que Super-Homem voa sobre a cidade) e uma selecção de vozes certeira - com destaque para Jack Quaid (curiosamente, um dos actores de "The Boys") a assumir a personagem principal. Já é mais do que se pode dizer de muitas adaptações da DC...
Os dois primeiros episódios de "MY ADVENTURES WITH SUPERMAN" estão disponíveis na HBO Max desde 11 de Dezembro. A plataforma de streaming estreia novos episódios todas as segundas-feiras.