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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Uma minissérie à grande e à japonesa

Depois de "House of Cards", "A Guerra dos Tronos" ou "Succession", há outra grande disputa pelo poder no pequeno ecrã - e no streaming em particular. Épico ambientado no Japão feudal, "SHOGUN" pode vir a ser a galinha dos ovos de ouro do Disney+ nos próximos tempos. O arranque mostra potencial...

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Primeiro, houve o romance homónimo de James Clavell, editado em 1975. A seguir, uma muito popular minissérie criada pela NBC, em 1980, emitida pela RTP1 em 1983. E à terceira, a saga de grande fôlego "SHOGUN" prepara-se para conquistar uma nova geração de espectadores (e eventuais leitores) numa nova versão televisiva.

Aposta do FX que chega a Portugal através do Disney+, o drama histórico de 10 episódios recua até 1600 para mergulhar numa disputa pelo poder após a morte de um governador deixar o Japão entregue e cinco regentes. Mas o clima de tensão e traição não demora a instalar-se quando, além das tentativas de domínio dos portugueses (a presença de padres jesuítas e comerciantes lusos era notória), quatro líderes conspiram contra um. Os seus planos, no entanto, podem não correr como esperam quando entra em cena um capitão inglês protestante cuja presença vai desafiar o domínio católico e abrir portas a outros países europeus.

Embora esse forasteiro seja, tal como no livro e na minissérie anterior, o motor narrativo desta intriga palaciana, a adaptação de 2024 tem sido louvada por não se limitar ao seu ponto de vista. E essa amplitude de olhares é visível logo nos dois primeiros episódios, que se demoram em personagens japonesas e nas particularidades dos seus costumes e tradições, com um cuidado na reconstituição de época e do guarda-roupa ao nível da saudosa "Roma".

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O cruzamento entre Ocidente e Oriente sai a ganhar com isso, a visão do mundo e a visão do outro também - diferenças abissais entre o valor da vida ou o conceito de "selvagem" incluídas -, mesmo que com opções questionáveis pelo meio. Por exemplo, quando a "SHOGUN" insiste, e bem, em manter o idioma japonês, mas deixa que o inglês também faça as vezes do português e do holandês (o que pode ser confuso e quebra alguma verossimilhança, ainda que seja uma limitação compreensível).

A propensão para monólogos ou diálogos expositivos, sobretudo no segundo episódio, também nem sempre ajuda, por muito que os criadores e co-argumentistas Justin Marks (um dos guionistas de "Top Gun: Maverick") e Rachel Kondo (escritora a estrear-se nas séries) queiram honrar o poder da palavra neste choque cultural e civilizacional. Não o conseguem inteiramente no arranque, mas sugerem que não precisam de insistir em duelos e batalhas para dar a ver um sistema codificado pela violência: a conjugação da solidez do elenco (ao qual não falta um irreconhecível Joaquim de Almeida), do carisma e ambiguidade das personagens, da ambição romanesca, do apuro visual mais justo do que ostensivo e da música de Atticus Ross (cúmplice habitual de Trent "Nine Inch Nails" Reznor), Leopold Ross e Nick Chuba deixa indícios esclarecedores e confiáveis. Parece que temos (minis)série... teremos também um fenómeno como a anterior?

Os dois primeiros episódios de "SHOGUN" estão disponíveis no Disney+ desde 27 de Fevereiro. A plataforma de streaming estreia novos episódios todas as terças-feiras.

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