Quando uma canção ainda tenta salvar o mundo
Embora o álbum de estreia homónimo dos GARBAGE esteja prestes a celebrar 30 anos (foi editado em Agosto de 1995), a banda de Shirley Manson e companhia parece mais interessada em focar-se no presente e no futuro do que em celebrar o passado. "Let All That We Imagine Be the Light", o oitavo longa-duração do grupo, tem lançamento garantido já para Maio (dia 30) e é o sucessor de "No Gods No Masters" (2021), o disco mais conseguido dos norte-americanos desde o quarto, o distante "Bleed Like Me" (2005).
Descrito pela vocalista como um álbum "esperançoso" que se debruça "sobre o que significa estar vivo e enfrentar a destruição iminente", tem como primeiro single "THERE'S NO FUTURE IN OPTIMISM", canção que recupera preocupações sociais contemporâneas e influências pós-punk, duas traves mestras do disco anterior.
"A letra é uma acção contra o título", esclarece Manson nas plataformas virtuais do quarteto. "Porque se permitirmos que nosso fatalismo ou a nossa negatividade se imponham, desmoronaremos", acrescenta, mencionando que acontecimentos como a morte de George Floyd em Los Angeles (na sequência de um episódio de violência policial) levaram ao contexto global "precário, caótico e assustador" que marcou a criação da nova leva de canções.
A amostra inicial é também o tema de abertura do álbum, guiada por uma tensão de guitarras e sintetizadores algures entre os veteranos Siouxsie and the Banshees (não por acaso, homenageados pelo grupo nos últimos anos) e a promessa Heartworms (um dos nomes que mantém vivo o legado da new wave entre acessos industriais), soando sempre indiscutivelmente aos GARBAGE. O videoclip, centrado na fuga de um jovem casal queer (termo familiar na música da banda desde o tal disco de estreia), sugere que as diferenças entre a realidade e a ficção distópica já foram maiores: