Mais do mesmo
O filme de James Wan tornou-se numa obra de culto e chegou a ser comparado com “Sete Pecados Mortais”, pelo tipo de atmosferas e referências, embora o seu nível de inspiração e consistência ficasse muito aquém do que tornou a película de David Fincher num título de recorte superior.
“Saw II – A Experiência do Medo” é a obrigatória sequela, motivada decerto pelos relativos bons resultados financeiros do primeiro filme, e não se distancia muito do episódio anterior, centrando-se noutras personagens mas seguindo pressupostos semelhantes.
Desta vez, o vilão Jigsaw é encontrado pela polícia mas isso não implica que os seus jogos de manipulação e violência terminem, pois este revela a Eric Matthews, um dos agentes, que encarcerou o seu filho e outras sete pessoas numa casa, situação que se torna mais problemática quando os prisioneiros dispõem de poucas horas de vida. Jigsaw é o único que poderá salvá-los e impedir que uma toxina os mate, mas para isso Matthews deverá ouvi-lo e obedecer-lhe.
E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL
Propondo mais um exercício de suspense, “Saw II – A Experiência do Medo” pouco inova face ao filme antecessor, possuindo os mesmos defeitos e (escassas) virtudes. Darren Lynn Bousman, que ocupa agora a função de realizador, não se revela muito imaginativo, apresentando um trabalho de câmara demasiado colado ao de James Wan, mas ainda menos conseguido, abusando de uma efervescência visual que poderia ser absorvente se não se perdesse numa montagem epiléptica que confunde dinamismo com tensão.
O facto do argumento colocar oito personagens num espaço fechado a lutar pela sobrevivência não é especialmente inovador e já foi feito de forma mais convincente em “Cubo”, de Vincenzo Natali. A ideia poderia voltar a resultar aqui, caso a maioria dos prisioneiros não fossem tão descartáveis e mal interpretados, e embora haja alguns twists razoáveis é ridículo que nenhuma das vítimas consiga resolver o enigma inicial à partida.
Apesar da fraca direcção de actores, Tobin Bell consegue fazer de Jigsaw um vilão com algum interesse e o jovem Eric Knudsen, no papel de filho do detective, é um dos poucos prisioneiros que gera alguma empatia, ainda que não cheguem a ser personagens com grande espessura dramática.
Também interessantes são as discretas ligações com os acontecimentos que decorreram no episódio anterior, que originam uma das melhores surpresas de “Saw II – A Experiência do Medo”, mas nada isto chega para que este seja um filme especialmente marcante ou recomendável.
Quem não aprovou o primeiro dificilmente se deixará envolver por este, enquanto que os restantes poderão dar-lhe o benefício da dúvida, mas pouco encontrarão de novo, entusiasmante ou memorável por aqui.