PICAR O PONTO COM (ALGUMA) MESTRIA
De regresso a Portugal, os norte-americanos Pixies actuaram ontem no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, após duas presenças relativamente recentes em palcos nacionais (no Super Bock Super Rock de 2004 e no Festival Paredes de Coura de 2005). O concerto contou com cerca de cinco mil espectadores de várias faixas etárias, entre admiradores veteranos e novos fãs, que ali (re)encontraram uma das referências incontornáveis do rock alternativo de finais de 80 e inícios de 90.
Desde o início, com o marcante "Bone Machine", até ao final a cargo do hit (talvez o único dos Pixies) "Here Comes Your Man", o espectáculo proporcionou cerca de uma hora e meia assente num alinhamento longe de inesperado, mas irrepreensível, que desde logo envolveu o público e foi fomentando a sua entrega.
Desde o início, com o marcante "Bone Machine", até ao final a cargo do hit (talvez o único dos Pixies) "Here Comes Your Man", o espectáculo proporcionou cerca de uma hora e meia assente num alinhamento longe de inesperado, mas irrepreensível, que desde logo envolveu o público e foi fomentando a sua entrega.
O álbum de originais mais recente do grupo, "Trompe Le Monde", data de 1991, editado dois anos antes da separação que ditou um silêncio interrompido em 2004, quando o quarteto formado por Frank Black, Kim Deal, David Lovering e Joey Santiago regressou aos palcos, mas não aos discos.
O facto do concerto não apresentar inéditos no alinhamento não foi, no entanto, problemático, até porque o grupo é um dos raros casos em que quase todas as suas composições ganharam já o estatuto de intemporais, e se dúvidas houvesse acerca disso a noite de ontem foi bastante esclarecedora.
Grande parte dos espectadores acompanhou com devoção as palavras cantadas por Frank Black, centradas em letras tão esquizofrénicas, díspares e inquietantes como as singulares melodias geradas pela banda, misto certeiro de experimentalismo e concisão que nunca deixam de ser estranhamente acessíveis e viciantes.
Diz quem lá esteve que os Pixies não são capazes de repetir o efeito da sua estreia em salas nacionais, em 1991, e de facto a noite de ontem apresentou uma banda que, apesar de se ter mostrado sempre consistente em palco, demorou a demonstrar entusiasmo, interpretando canções de grande calibre em piloto automático, sem falhas mas também sem grandes riscos. Não que isso tenha impedido uma forte adesão do público, incansável nos constantes aplausos, sobretudo o da plateia, o que mais saltou e dançou ao som da vertiginosa sucessão de canções.
O facto do concerto não apresentar inéditos no alinhamento não foi, no entanto, problemático, até porque o grupo é um dos raros casos em que quase todas as suas composições ganharam já o estatuto de intemporais, e se dúvidas houvesse acerca disso a noite de ontem foi bastante esclarecedora.
Grande parte dos espectadores acompanhou com devoção as palavras cantadas por Frank Black, centradas em letras tão esquizofrénicas, díspares e inquietantes como as singulares melodias geradas pela banda, misto certeiro de experimentalismo e concisão que nunca deixam de ser estranhamente acessíveis e viciantes.
Diz quem lá esteve que os Pixies não são capazes de repetir o efeito da sua estreia em salas nacionais, em 1991, e de facto a noite de ontem apresentou uma banda que, apesar de se ter mostrado sempre consistente em palco, demorou a demonstrar entusiasmo, interpretando canções de grande calibre em piloto automático, sem falhas mas também sem grandes riscos. Não que isso tenha impedido uma forte adesão do público, incansável nos constantes aplausos, sobretudo o da plateia, o que mais saltou e dançou ao som da vertiginosa sucessão de canções.
Entre os pontos altos, ficam na memória "Gouge Away", a assinalar o primeiro grande momento da noite, o belíssimo "Monkeys Gone to Heaven" ou o não menos obrigatório "Where is My Mind". "Debaser" suscitou também uma energia contagiante, "Gigantic" concedeu algum protagonismo vocal a uma sorridente Kim Deal, o catchy "La la Love You" incitou ao assobio colectivo (no bom sentido), e o embalo elíptico de "Hey" deu origem a uma aura quase solene, assim como o atmosférico "No. 13 Baby".
O maior pico de intensidade registou-se, contudo, na tensão gutural da incisiva "Tame", brilhante pequena grande canção onde os Pixies mostraram a garra que poderia ter estado mais presente no resto do espectáculo. Um concerto a recordar e longe de decepcionante, de qualquer forma, mas convenhamos que com canções destas também era difícil falhar.
A abertura da noite coube aos portugueses Vicious 5, numa curta mas segura prestação que os confirma como um dos novos nomes do rock nacional a ter em conta.
O maior pico de intensidade registou-se, contudo, na tensão gutural da incisiva "Tame", brilhante pequena grande canção onde os Pixies mostraram a garra que poderia ter estado mais presente no resto do espectáculo. Um concerto a recordar e longe de decepcionante, de qualquer forma, mas convenhamos que com canções destas também era difícil falhar.
A abertura da noite coube aos portugueses Vicious 5, numa curta mas segura prestação que os confirma como um dos novos nomes do rock nacional a ter em conta.
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM
Pixies - "Monkey Gone to Heaven (Live)"