UM CASAMENTO ATRIBULADO
Mais mediatizado pelo facto de, aparentemente, ter servido de rampa de lançamento para a dissolução do casamento de Brad Pitt com Jennifer Aniston (devido à suposta relação do actor com Angelina Jolie) do que pelo seu valor cinematográfico, "Mr. e Mrs. Smith" (Mr. & Mrs. Smith) obteve um destaque considerável por todo o mundo e era, por vários motivos, um dos blockbusters mais aguardados do Verão de 2005.
Mistura de thriller com drama conjugal, a mais recente película de Doug Liman junta duas das estrelas mais emblemáticas de Hollywood no papel de um casal de assassinos profissionais que nunca revelam um ao outro a sua verdadeira actividade durante seis anos (ou melhor, cinco) de casamento.
Para além de partilharem a mesma actividade sem o saberem, trabalham para organizações concorrentes, o que acaba por originar uma situação conturbada quando ambos são encarregados de eliminar o mesmo alvo.
Partindo de uma premissa curiosa - mas longe de original, uma vez que o filme homónimo de Alfred Hitchcock ou "A Verdade da Mentira", de James Cameron, apresentam motes semelhantes -, "Mr. e Mrs. Smith" não procura ser mais do que um filme-pipoca que se apoia em dois nomes sonantes para proporcionar duas horas de entretenimento despretensioso. E até nem se sai mal, já que Brad Pitt e Angelina Jolie destilam carisma e a combinação de comédia (não raras vezes negra) e megalómanas cenas de acção é competente.
Doug Liman, responsável por "Swingers", "Go - A Vida Começa às Três da Manhã" e "Identidade Desconhecida", confirma-se novamente como um tarefeiro eficaz, apresentando um ritmo com energia cinética q.b. e um dinamismo constante. Infelizmente, o realizador dá prioridade a sequências de tiroteio e explosões, que apesar de minimamente entusiasmantes ficam aquém dos pontuais momentos de ironia presentes nos diálogos entre o casal.
É pena, porque se enveredasse com maior frequência pelos domínios da tensão conjugal e dificuldades de uma vida a dois e não tanto por cenas de acção pouco ou nada credíveis, "Mr. e Mrs. Smith" ocuparia um espaço mais interessante e singular.
Assim, é mais um blockbuster estilizado, efervescente e cool, com uma energia visual por vezes cativante (que, de resto, Liman já está habituado a desenvolver), mas de escassa substância e densidade dramática (por onde anda a criatividade de "Go - A Vida Começa às Três da Manhã"?)...
Mesmo assim, dentro do género cumpre os objectivos, já que nunca se pode pedir mais do que entretenimento a uma película que é, assumidamente, um filme-pipoca. Vê-se com algum agrado mas não deixa grandes saudades...
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL