SISTEMA ENTRÓPICO
"Sound of Silver", nova proposta após "45:33", um curioso disco para a Nike com música para jogging, alarga o espectro de influências que já se evidenciavam no registo de estreia, e se é verdade que Murphy é oportuno nas citações mais ou menos óbvias e oferece por vezes momentos criativos, no geral este é ainda um álbum desequilibrado, com mais ambição do que sucesso nos resultados alcançados.
"Get Innocuous!", o primeiro tema, é paradigmático dos problemas do disco. O início é intrigante, com sintetizadores pilhados dos Kraftwerk ao serviço de uma cadência minimalista e repetitiva, mas cativante, que infelizmente é mal aproveitada ao longo de mais de sete minutos que se tornam monocórdicos e cansativos. "Time to Get Away", com uma estrutura não muito diferente, também acusa algum cansaço, ainda que tenha a vantagem de durar menos tempo, e por isso só à terceira canção é que os resultados começam de facto a entusiasmar.
Single simultaneamente abrasivo e trauteável, "North American Scum" é uma injecção de energia rítmica que, ao contrário da maioria das canções do álbum, se mantém do princípio ao fim e promete causar estragos numa pista de dança que se adivinhará concorrida.
O tema final recupera algum do interesse perdido, através de uma inesperada mudança de azimutes onde Murphy se candidata a sósia de Lou Reed - depois das muitas vénias a David Byrne - em "New York, I Love You But You're Bringing Me Down", carta de amor e ódio (ou, pelo menos, desencanto) à Big Apple com uns LCD Soundsystem atipicamente acústicos. É pena que, apesar de ocasionais pistas interessantes como esta e de uma curiosa fusão de heranças - de David Bowie a Human League, passando pelos Talking Heads -, "Sound of Silver" seja um trabalho desigual e quase sempre frustrante. Um disco competente, mas cansativo.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
LCD Soundsystem - "North American Scum"