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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

MIX DOS 90s

Um dos discos de estreia mais estranhos e inclassificáveis de finais dos anos 90, “Glee” apresentou ao mundo – ou a parte dele – os canadianos Bran Van 3000, colectivo de Montreal criado pelo DJ/ realizador de vídeos e documentários Jamie “Bran Man” Di Salvio que agrega quase 20 elementos e apresenta uma paleta sonora igualmente extensa.

Editado em 1998, o álbum é uma gigantesca amálgama de quase todas as sonoridades que marcaram a década, apresentando um ecléctico melting pot que inclui pop, soul, techno, trip-hop, rap, drum n’ bass, electrónica, folk, hip-hop, spoken word, funk, lounge, indie rock, R&B, reggae ou country, entre outras contaminações difíceis de catalogar.

Esta inegável diversidade é cativante e conquista pela ousadia e doses de desafio que expõe, mas também torna “Glee” num disco demasiado desequilibrado e fragmentado, que tanto gera momentos geniais e de antologia como oferece exercícios de um cut n’ paste algo inconsequente e enfadonho.

Felizmente, os episódios inspirados superam os mais banais, e algumas das primeiras canções do álbum são concentrados de energia contagiante, como o denso “Forest”, o melódico e viciante “Rainshine”, o fugaz e emotivo “Problems”, o intrigante e soberbo “Afrodiziak” ou o irresistível single “Drinking in LA”.
A recta final do disco é bem menos estimulante, uma vez que temas como “Old School”, “Willard” ou “Mama Don’t Smoke” não contêm uma mistura de géneros tão conseguida e seriam mais adequados como lados-b, pois apenas desequilibram um álbum que por vezes roça o brilhantismo.

Imprevisível e envolvente, por vezes intencionalmente kistch mas também subtil, a estreia dos Bran Van 3000 expõe uma atitude fusionista que aproxima a banda de nomes como Beck, Tricky, Beastie Boys, Cibo Matto, Luscious Jackson, Soul Coughing, Dee-Lite, Whale, Gorillaz ou Morcheeba, entre outros projectos que se destacaram pelo inventivo cruzamento de referências aparentemente distantes.

Muito bem produzido e com solidez a nível instrumental e vocal (as combinações das vozes de Jayne Hill e Sara Johnston, da cantora soul Stephane Moreille, do MC Steve “Liquid” Hawley e do próprio Di Salvio originam resultados muito entusiasmantes), “Glee” consegue conciliar vibração emocional a um apelativo sentido de humor, tornando-se num disco convincente e com personalidade mas que não é a obra-prima que por vezes ameaça ser pois dispara em várias direcções e nem sempre acerta. Quando o faz, no entanto, proporciona momentos que lhe permitem juntar-se à lista de álbuns muito meritórios – e injustamente esquecidos – dos anos 90.
 
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM

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