Sim, eu fui...
...por motivos profissionais, tal como na edição anterior, e foi preciso esperar até aos últimos dois dias para encontrar concertos que de facto me interessassem no Rock In Rio - bem sei que a abertura com a diva Winehouse era aguardada por muitos, mas passo.
E a espera valeu a pena, já que deu para me reconciliar com duas bandas cujos últimos discos ficaram abaixo do que esperava. Falo dos Kaiser Chiefs e dos Muse, que ontem fizeram com que o "rock" no nome do festival fizesse sentido, e que ao vivo demonstraram tudo aquilo que esperava deles.
O concerto dos primeiros viveu muito do carisma de Ricky Wilson, que além de vocalista revelou talento para atleta nas correrias pelo meio do público ou na escalada para a torre de um operador de câmara. E também foi bom revisitar canções como "I Predict a Riot" , "Modern Way" ou "The Angry Mob" (sobretudo o desfecho), que ao vivo estão no seu habitat natural.
Não me fizeram ficar com grandes expectativas em relação ao novo disco, mas enquanto apresentarem concertos tão contagiantes manter-me-ão interessado.
Logo a seguir, a banda de Matt Bellamy não se apoiou tanto no sentido de humor embora também não tenha precisado dele para um espectáculo acima da média. Quase modo best of, os Muse serviram um autêntico desfile de êxitos, que teve contudo maior incidência em temas do desequilibrado "Black Holes and Revelations".
Felizmente, escolheram apenas as canções que interessam, indo da funky "Supermassive Black Hole" à radiofriendly "Starlight" - que nunca pensei que resultasse tão bem ao vivo -, passando por "Knights of Cydonia", "Take a Bow" ou a excelente "Map of the Problematique".
A vertente épica e barroca esteve tão presente como nos discos, e mesmo quem torce o nariz a solos de guitarra e exageros semelhantes dificilmente não adere a um grupo que ao vivo se revela intenso e portentoso como poucos.
Menos concorridos, os 2 Many DJ's tiveram, na quinta-feira, o infortúnio de actuarem na área electrónica ao mesmo tempo que os Metallica estavam no Palco Mundo, o que levou a que fossem ficando com cada vez menos público - a certa altura, resumiu-se a pouquíssimas dezenas.
E foi pena, pois foram de longe o melhor que passou por aquele espaço em todo o festival, e mesmo que metade do que apresentaram não tenha sido propriamente inesperadado, pelo menos para quem já os viu - Hot Chip cruzados com Mr. Oizo, a já mítica pausa no "Phantom" dos Justice, "Out of Space" dos Prodigy a fechar... -, os momentos baixos foram quase nulos ao longo de duas horas.
Antes dos alter-egos dos Soulwax, também Miguel Quintão se saiu bem, oferecendo bons antídotos - Cut Copy, The Whip, The Ting Tings... - a quem não estava particularmente entusiasmado com os Machine Head.
E pronto, parece que haverá mais em 2010, mas por agora já tenho as atenções viradas para outro festival...