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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos sorrisos e uma guitarra

Estreou-se em palcos nacionais no Coliseu de Lisboa, no ano passado, e foi aí que Aimee Mann regressou ontem para apresentar as canções do seu novo disco, "@#%&! Smilers".

Ao longo do concerto, a cantora norte-americana recordou ainda canções de álbuns anteriores, entre os quais as da inevitável banda-sonora de "Magnolia", filme que em 1999 trouxe algum mediatismo a um nome que já antes merecia atenção.

 

O seu passado com os 'Til Tuesday, banda que integrou nos anos 80 antes de iniciar um percuro a solo, parece estar já esquecido, mas o mais recente, marcado pelo filme de Paul Thomas Anderson, ainda é o que muitos associam à cantautora - mesmo que desde essa banda-sonora já tenha assinado cinco álbuns.

 

 

O mais recente, "@#%&! Smilers", editado há poucos meses, foi o motivo do reencontro com o público português, que ontem foi menos numeroso do que há um ano mas ainda terá ocupado mais de meia sala.

A cantora pareceu tão entusiasmada com o regresso como os fãs mais acérrimos, a julgar pelos frequentes elogios ao público e pelas também regulares confidências antes de cada canção - tanto a antecipação da crise de meia-idade que inspirou "31 Today" ou o embaraço por ter cedido "That's Just The Way You Are" à banda-sonora da série "Melrose Place" ("not my finest moment", esclareceu).

 

Tirando a predominância das novas canções, o espectáculo não foi muito diferente do que se viu há um ano, mas no balanço final terá saído a ganhar com um alinhamento mais consistente e eficaz na alternância de ambientes, e por isso menos monocórdio do que o anterior.

 

 

Ainda apresentou momentos não muito estimulantes, embora poucos, e que no seu pior não deixaram de ser agradáveis. Nos mais fortes manteve no ar alguns minutos mágicos, como na absorvente simplicidade de "Little Tornado", talvez a melhor canção do novo álbum e provavelmente das mais conseguidas conjugações entre melancolia e assobios.

 

Menos surpreendentes, "Save Me", "Wise Up" e "One" (esta no encore) cumpriram a quota de temas de "Magnolia" com que cada concerto de Mann contará, e como se esperava foram logo aplaudidos ao início.

"Red Vines" distinguiu-se por ter sido o único que a cantora interpretou sozinha em palco, só com a guitarra e sem a colaboração dos quatro músicos que a acompanharam nos restantes (um baterista, um guitarrista e dois teclistas).

Já "Freeway" comprovou que uma canção de óbvio perfil radiofónico não tem que assentar na preguiça rock FM ou na pop descartável, e "Phoenix" ou "Looking For Nothing" deixaram claro que "@#%&! Smilers", apesar do título, é mais um disco de folk sóbria e elegante.

 

 

No final de quase hora e meia, que à semelhança do ano passado fechou com "Deathly", Mann retribuiu mais uma vez os aplausos que nunca deixou de ter e prometeu um regresso no próximo ano, tornando-se forte candidata a integrar o núcleo de bandas que passam por Portugal constantemente - como os dEUS ou Nouvelle Vague, e em tempos os Lamb ou Tindersticks. Se os regressos forem sempre tão sorridentes e competentes, será difícil rejeitá-la.

 

Antes da autora de "Lost in Space" ou "The Forgotten Arm" entrar em palco, Tiago Bettencourt ofereceu um pequeno one-man show que lhe terá garantido mais alguns fãs, muito por culpa de um oportuno sentido de humor.

Mas musicalmente também não se saiu mal, alternando guitarra e piano ao longo de um alinhamento que incluiu temas do seu disco a solo, "O Jardim", outros dos Toranja (como o quase obrigatório "Carta") e mesmo uma versão de "Chaga", dos Ornatos Violeta.

Divertiu-se muito, disse no fim em tom espirituoso, e grande parte do público pareceu sentir o mesmo quando se despediu com uma chuva de aplausos - a antecipar os muitos mais que se seguiriam no concerto da noite.

 

 

Fotos: Pedro

 

 

Aimee Mann - "Freeway"

 

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