Uma estreia com poucas falhas
Fazem parte da Rock Action, a editora dos Mogwai, e tal como estes também são oriundos de Glasgow.
Mas apesar disso e de fazerem as primeiras partes dos concertos da banda, os Errors não exibem muitos traços pós-rock e antes definem o seu som como math house, um misto de math rock e acid house.
Catalogações aparte, têm em "It’s Not Something But It Is Like Whatever" um disco de estreia fresco, lúdico e versátil.
Em "How Clean Is Your Acid House?", EP editado em 2006, o quarteto escocês já tinha deixado sinais de uma intrigante fusão instrumental, e agora o primeiro álbum comprova que essa boa impressão não era enganadora.
Com um maior número de faixas, o disco permitiu ao grupo alargar a sua paleta sonora e desenhar uma convidativa sucessão de ambientes.
A vertente experimental mantém-se mas felizmente nunca cai no hermetismo, e mesmo que nem todos os temas conquistem de imediato, "It’s Not Something But It Is Like Whatever" oferece motivos que justiquem várias audições, mérito de uma produção intrincada que consegue ir surpreendendo aos poucos.
Quase sempre instrumental, o álbum só recorre à voz numa canção, "Cutlery Drawer", por sinal uma das melhores.
Colaboração com a britânica George Pringle, entrecruza o spoken word desta com malabarismos electrónicos espartanos, quase oníricos no início e caóticos no final, cujas texturas são adequadas às aventuras de uma adolescente na noite de Oxford narradas pela cantora.
Se os Lali Puna fossem mais sombrios não andariam longe daqui.
Ainda mais convincente, e de longe o melhor momento do disco, "Pump" é um brilhante devaneio electro de sete minutos com piscadelas de olho ao 8-bit, que tanto lembra os Holy Fuck como os Crystal Castles e é um single gigante para incendiar uma pista de dança.
Ao lado de um pico de intensidade destes os outros momentos de "It’s Not Something But It Is Like Whatever" perdem na comparação, embora os Errors nunca deixem de sugerir cenários cativantes.
Se o também dançável "Salut! France" é um saudável flirt com a synth pop, "Toes" podia ser um (bom) instrumental dos Foals.
Já "National Prism" ou "The Bagpipes" demonstram um ocasional parentesco com algumas composições dos Mogwai, "Crystal Maze" é um raro episódio contemplativo e quase acústico e em "A Lot of the Things You Don't Isn't" os sintetizadores, baixo e bateria cedem o protagonismo ao piano, fechando o álbum com um dos temas mais arrepiantes e que não destoaria em "Ghosts I-IV", dos Nine Inch Nails.
Por enquanto os Errors ainda não estão à altura dos momentos mais inspirados de alguns deste nomes, mas com uma estreia tão segura adivinha-se que em breve possam chegar lá.
Entretanto a eficácia do grupo ao vivo poderá ser comprovada na Aula Magna, em Lisboa, já a 5 de Fevereiro, na primeira parte do concerto dos Mogwai.
Errors - "Pump"