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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Reviver o passado em 2009

Há pouco mais de dez anos, singles como "Firestarter", "Breathe" ou "Smack My Bitch Up" tomaram de assalto rádios e televisões e reforçaram o estatuto dos Prodigy enquanto banda decisiva para parte da geração dos anos 90.

 

"The Fat of the Land" (1997) consolidou a fase ascendente, tanto comercial como criativa, do quarteto britânico que surpreendeu numa estreia marcante, em "Experience" (1992), e ajudou a revolucionar a música de dança com "Music for the Jilted Generation" (1995).

 

 

 

O quarto álbum, "Always Outnumbered, Never Outgunned" (2004), embora tenha sido editado com o nome do projecto, foi um disco criado pelo seu mentor, Liam Howlett, e alguns colaboradores após a dissolução da banda, que entretanto voltou a reunir-se no seu sucessor, o recente "Invaders Must Die" (excepto Leeroy Thornhill, tornando o grupo num trio).

 

Tal como o álbum anterior, o novo poderá desiludir aqueles que (ainda) esperam que os Prodigy se mantenham na vanguarda dos cruzamentos de rock e electrónica, tarefa em que deram provas na primeira fase da sua discografia e cujo nível não têm conseguido igualar.

 

Nada que tenha impedido, contudo, que o disco entrasse directamente para a primeira posição do top de vendas britânico na semana do seu lançamento, o que comprova que a banda poderá já ter passado a sua fase áurea mas não pode queixar-se de falta de seguidores.

 

 

Entre estes contam-se os muitos fãs, que não se esqueceram do grupo apesar dos longos hiatos entre as últimas edições, e alguns projectos desta década claramente influenciados pelos autores de "Voodoo People" ou "Poison".

A chamada nu rave, que há um par de anos tem sido promovida a uma das novas sensações oriundas de terras de sua majestade, aí está para o provar.

 

O resgate da energia e mesmo da iconografia que dominou os ambientes mais dançáveis de inícios de 90, para os quais os Prodigy foram referência incontornável, tem sido o ponto de partida para muitos discos da geração 00 (facção electrónica com doses generosas de pirotecnia).

E face a estes, "Invaders Must Die" não se sai nada mal na comparação, pois se não possui a inspiração da estreia de uns Crystal Castles resulta mais coeso do que as dos Klaxons, Hadouken!, Shitdisco ou Does It Offend You, Yeah?. James Rushent, elemento destes últimos, surge aqui como co-produtor, e a faixa-título do álbum quase poderia estar no disco da sua banda.

 

 

Mas quase todas as outras soam quase indiscutivelmente aos Prodigy, tanto para melhor (a identidade da banda é mais uma vez garantida) como para pior (os detractores têm muitos argumentos para acusar a falta de renovação).

O álbum é praticamente um cruzamento da electrónica mais lúdica e artesanal de "Experience" com o desvario punk incendiário de "The Fat of the Land", e serve para deixar claro que o grupo continua a ser o melhor imitador dele próprio.

 

Basta conferir o tempero reggae de "Thunder", a remeter para o já clássico "Out of Space", ou a vertente apocalíptica de "World's on Fire", pastiche de "Firestarter" (de boa colheita). Ainda melhor, "Warrior's Dance" cita "We'Ve Got To Be", hit dance duvidoso dos Plus Staples, e acompanha as vozes femininas com batidas em rodopios hipnóticos e agressivos, chegando a lembrar "No Good (Start the Dance)", mais um tema emblemático do grupo.

 

 

Outro ponto alto, "Omen" é um single portentoso com refrão forte que não envergonha a memória dos anteriores e "Omen (Reprise)" aprimora-o com uma irresistível combinação de teclados e sintetizadores.

Também em modo acelerado, "Run With Wolves" pede emprestado algum dinamismo à bateria de Dave Grohl, "Colours" não destoaria como banda-sonora de jogos de consolas vintage e "Take Me to the Hospital" dispara ritmos breakbeat capazes de causar alguns estragos.

 

"Invaders Must Die" só dá tréguas a ambientes nervosos em "Stand Up", um incaracterístico tema final que está mais próximo dos instrumentais dos Go! Team do que da fúria de sirenes, Keith Flint e Maxim registada nas canções anteriores.

Mas acaba por resultar enquanto momento de descompressão após tamanha descarga de adrenalina, fechando bem um disco que demonstra que os Prodigy, mesmo em modo old school - ou talvez por causa disso -, continuam a impor respeito dentro da electrónica mais agressiva.

 

 

 

The Prodigy - "Omen"

 

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