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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

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Confissões numa pista de dança

Há três anos "Sexor" assinalou a estreia em disco de um dos DJs e produtores mais associados ao electroclash, fenómeno que viria a revelar-se efémero embora tenha tido considerável presença em muitas pistas de dança no início da década.

 

Temas como "You Gonna Want Me", "Far From Home" ou "Louder Than a Bomb" obtiveram melhor acolhimento do que o álbum, interessante mas pouco surpreendente, e que tem agora um sucessor em "Ciao!", onde mais uma vez Tiga volta a estar muito bem acompanhado.

 

 

Dos Soulwax a James Murphy (LCD Soundsystem), passando por Gonzales, Jake Shears (Scissor Sisters), Jori Hulkkonen, Jesper Dahlbäck ou Phillipe Zdar (Cassius), a guest list do DJ canadiano é um autêntico "quem é quem" de alguma electrónica mais requintada (e requisitada) do momento.

 

Apesar dos muitos nomes envolvidos o disco resulta coeso e mais equilibrado do que o anterior, e se não conta com tantos singles óbvios também não perde a eficácia na pista de dança - e sobrevive muito bem fora desta graças a um alinhamento suficientemente diversificado.

 

A faceta pop de "Sexor" cede agora protagonismo a um registo mais soturno, mas não menos luxuriante - basta ouvir Tiga cantar "So many boys so many girls, so many choices in this world" ou "Luxury is all I see when I close my eyes" -, onde a frivolidade assumida tanto reveste momentos espirituosos q.b. - o single "Shoes" ou "Sex O' Clock" - como inesperados acessos de melancolia de fim de festa.

 

 

Estes últimos manifestam-se sobretudo na recta final do álbum, que é também a mais estimulante. "Gentle Giant" transpira solidão e ansiedade num relato onde a dança surge como a última hipótese de escapismo, desenhando o tema mais crepuscular de "Ciao!" através de um compasso rítmico lento e absorvente.

 

A canção seguinte (e a derradeira) mantém os mesmos ambientes amargurados, apresentando uma interessante vertente crooner alicerçada num piano dolente.

Mas essa carga contemplativa não dura muito, já que ao longo de dez extraordinários minutos vai evoluindo para um exercício de italo disco em crescendo, cereja em cima de um bolo sempre saboroso e capaz de superar outros dos seus momentos altos, casos do infeccioso delírio sónico de "What You Need" ou da synth-pop meditativa de "Luxury".

Com um álbum que termina assim, é difícil não pedir a Tiga que em vez de "Ciao!" diga "Até breve".

 

 

 

Tiga - "Shoes"

 

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