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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

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Pop à prova de bala

Primeiro foi "Quicksand". Depois, "In for the Kill". E, mais recentemente, "Bulletproof". Estes três singles, bem recebidos por algumas rádios e televisões e ainda mais por inúmeros blogs, tornaram o disco de estreia dos La Roux num dos mais aguardados de 2009 - pelo menos dentro da electrónica de maior visibilidade.

 

Depois da espera, o álbum homónimo serve agora um dos mais eficazes concentrados de synth pop do ano, com canções cujo apelo melódico e vertente dançável pouco ou nada ficam a perder na comparação com os dos temas de avanço.

 

 

 

Embora a face visível dos La Roux seja a vocalista e compositora Elly Jackson - a ruiva que dá nome ao projecto -, o disco surge da sua colaboração com Ben Langmaid, teclista e produtor que raramente se mostra aos media.

 

Originária de Brixton, em Inglaterra, a dupla tem suscitado comparações com outros duos que marcaram a pop britânica há duas décadas, caso dos Soft Cell e sobretudo dos Yazoo. E percebe-se porquê, com a voz atípica e nem sempre imediata de Jackson a lembrar o também peculiar registo de Alison Moyet.

 

Mas por aqui passam ainda ecos de uns Eurythmics, já que a imagem da metade feminina dos La Roux herda traços dos dias mais estilizados e andróginos da também ruiva Annie Lennox. Estas fortes marcas do passado não invalidam paralelismos com nomes mais recentes ao longo do alinhamento.

 

 

"Tigerlily" podia passar por um dos momentos mais in your face dos Ting Tings e tanto "Colourless Colour" como "As If by Magic" não andam longe do que se ouve no disco de estreia de Ladyhawke.

"La Roux" percorre, assim, territórios sonoros familiares, e esse cenário reconhecível manifesta-se ainda mais nas letras, todas monotemáticas e com as habituais reflexões sobre relações amorosas - apesar de Jackson garantir, em "I'm Not Your Toy", que esta não é só mais uma história de rapazes e raparigas.

 

A familiariedade é, no entanto, orgulhosamente assumida num disco despretensioso capaz de oferecer, a espaços, alguns retratos envolventes - ouça-se o melodrama tão imberbe quanto irresistível de "Cover My Eyes" ou a urgência de "Growing Pains".

E a voz mutante de Jackson, que vai do falsete extremo (e por vezes cansativo) a um tom mais delicodoce, consegue conferir personalidade suficiente a um apelativo conjunto de canções.

Pode não ser disco para relembrar no final do ano, mas por agora dá-se muito bem com estes dias (e noites) de Verão.

 

 

 

La Roux - "Bulletproof"