Estreia da semana: "Cisne Negro"

Tal como em "O Wrestler", no seu novo filme Darren Aronofsky agarra-se - e agarra-nos - à pele da protagonista (por vezes, de forma quase literal). Mas ao contrário desse seu antecessor, "Cisne Negro" é um prato cheio para quem tinha saudades da obsessão visual, psicológica e sensorial habitualmente associada ao realizador de "A Vida Não é um Sonho" (ainda a sua obra-prima), mesmo que aqui esteja mais contida.
Depois de atingir o perfeccionismo técnico, essencial para interpretar o Cisne Branco, uma bailarina é desafiada a descer ao abismo para encarnar a sua metade diametralmente oposta, o Cisne Negro - e assim conseguir o papel principal de uma encenação d'O Lago dos Cisnes.
Para o melhor e para o pior, pode ser o papel de uma vida, como parece sê-lo também (pelo menos até agora) para Natalie Portman, cuja via sacra é bem conduzida neste novelo (a espaços algo simplista) de dualidades, ambições e (des)ilusões.
Estudo de personagem? Exercício de suspense? Filme de terror? Olhar sobre a repressão sexual feminina? Retrato da competição laboral? Trip existencial? Um pouco de tudo isso e mais, e também um dos motivos que justificam que se dê alguma atenção à próxima edição dos Óscares, na qual "Cisne Negro" concorre com cinco nomeações. Sobretudo porque são todas merecidas.

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