O amor é um lugar estranho
À partida, "Blue Valentine - Só Tu e Eu" valeria logo pelos seus dois actores principais. Michelle Williams e sobretudo Ryan Gosling são dos mais confiáveis do cinema norte-americano recente, não só pelas qualidades interpretativas mas pelas escolhas dos filmes em que participam.
Felizmente, a segunda longa-metragem de Derek Cianfrance é mais uma boa adenda ao currículo de ambos.
Drama realista adulto, bem escrito e melhor interpretado, narra de forma palpável o início e (eventual) fim de uma relação - não necessariamente por esta ordem -, explorando bem a dicotomia do título original.
Como os melhores olhares sobre as relações humanas, é suficientemente ambíguo e, sem fazer julgamentos, sugere que o amor pode surgir (ou insinuar-se) como consequência da sua ausência - embora, como Cianfrance vai sublinhando, uma relação também possa ser mais agonizante do que a carência. E quando assim é, o efeito, à semelhança de algumas sequências de "Blue Valentine - Só Tu e Eu", mostra-se emocionalmente devastador.