Estreia da semana: "Jane Eyre"
É mesmo necessária mais uma adaptação de "Jane Eyre" depois de tantos filmes, telefilmes e mini-séries? Tendo em conta que uma das mais recentes tinha sido a versão tépida de Franco Zeffirelli, em 1996 (protagonizada por uma muito jovem - e muito inexpressiva - Charlotte Gainsbourg), a resposta tende a ser afirmativa.
Mas mesmo que não seja, o clássico literário de Charlotte Brontë funciona agora como ponto de partida para a aconselhável segunda obra de Cary Fukunaga (autor do drama on the road "Sem Nome", que passou discretamente por salas nacionais no ano passado).
Embora esta adaptação do realizador norte-americano tenha a chancela da BBC, nunca se confunde com o estilo tão correcto como decorativo que torna indistintos muitos filmes de época britânicos.
A vertente visual e sobretudo sensorial desta versão evidencia-se logo nas primeiras sequências, com a protagonista em fuga à chuva, e instala uma atmosfera contemplativa - mas nunca bocejante - ao longo de duas horas.
O magnetismo de grande parte das cenas completa-se com a intensidade do elenco, onde brilham Mia Wasikowska (a confirmar a boa impressão deixada em "Alice no País das Maravilhas") e Michael Fassbender (perfeito numa contenção prestes a explodir).
Os momentos em que a dupla contracena são um encontro feliz de diálogos afiados e olhares expressivos, mas os restantes também estão bem entregues a secundários como Judi Dench, Sally Hawkins ou Jamie Bell. E mesmo que a recta final do filme seja algo apressada, esta "Jane Eyre" vem provar que ainda há olhares desafiantes - e com cinema lá dentro - sobre a obra de Brontë.
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