O fim do mundo em cuecas
O Gregg Araki de "Kaboom - Alucinação" nem parece o mesmo do brilhante "Mysterious Skin - Pele Misteriosa", que até aqui tinha sido, infelizmente, o seu único filme estreado em Portugal.
Se esse título anterior propunha um olhar sério, complexo e inspirado sobre traumas infantis, agora o realizador norte-americano atira-se a um devaneio cheio de estilo e cor sobre... bem, sobre nada em concreto.
Entre um cartoon irónico e em imagem real, centrado nas relações (mais sexuais do que emocionais) de estudantes universitários, e teorias da conspiração com sugestões sci-fi - cada vez mais presentes com o decorrer da narrativa -, esta mistura tem tanto de esgrouviada como de intrigante.
"Kaboom - Alucinação" não parece querer mais do que divertir o espectador e nesse aspecto não desilude: há aqui uma bela colecção de gags sarcásticos e/ou absurdos, uma energia contagiante e um ritmo bem oleado. E à medida que à acção se desenvolve, dificilmente alguém adivinha onde é que vai parar.
Mostra Araki no seu melhor? Nem por isso, mas também não é do pior que já fez (ver "Esplendor") e prova que, depois da maturidade de "Mysterious Skin - Pele Misteriosa", não perdeu o sentido de humor.