A vida é bela? Este filme é
Elio Germano já tinha sido o maior trunfo de "O Meu Irmão é Filho Único", o filme anterior do italiano Daniele Luchetti, e em "A Nossa Vida" o jovem actor volta a ser destaque inevitável (com um desempenho premiado, por exemplo, em Cannes).
A diferença é que, desta vez, o filme está à altura do seu talento. E "A Nossa Vida" é um grande filme porque, além da sua interpretação irrepreensível, com um carisma e entrega que levam tudo à frente, é um drama filmado e contado com nervo e crueza, sem medo de escavar o melhor e o pior do protagonista, mas igualmente capaz de partir da sua história - um empreiteiro que tenta sustentar os filhos após a morte da mulher - para desenhar um retrato familiar, económico e social mais certeiro e complexo do que muitos documentários, ensaios ou telejornais.
O título não poderia, por isso, ser mais adequado: "A Nossa Vida" não é só a vida de Claudio, da sua família, amigos ou empregados; é também uma captação vibrante, sensível e viva de um período - ou de uma crise, de uma geração - que tanto tem como palco os subúrbios de Roma como os de Lisboa. Que esse retrato seja feito em pouco mais de hora e meia, com um intrincado crescendo de intensidade e personagens palpáveis - capazes de nos agarrar logo na primeira sequência - é motivo para darmos os parabéns não só a Elio Germano mas também a Daniele Luchetti. Afinal, se à nossa volta há muitas histórias destas, poucos sabem contá-las assim.
4/5