Com amigos destes...
Não falta fotogenia a Justin Timberlake e Mila Kunis, nem sequer alguma química... mas é pena que "Amigos Coloridos" tenha pouco mais para oferecer.
Por um lado, o filme de Will Gluck tem logo a desvantagem de replicar a premissa do recente "Sexo Sem Compromisso", de Ivan Reitman, que também seguia dois amigos - no caso, interpretados por Natalie Portman e Ashton Kutcher - cuja amizade era condimentada com sexo q.b..
Por outro, esta é uma comédia romântica que, embora tente rir dos clichés do género (e são muitos), acaba por cair em praticamente todos - e o facto de as personagens terem noção disso não é grande mais valia.
"Amigos Coloridos" esforça-se por ser cool e espertinho (deita abaixo John Mayer e Sheryl Crow logo nos primeiros dez minutos), mas o que até começa com algum ritmo (a primeira sequência chega a prometer) acaba por confundir uma realização ágil com um raccord duvidoso e demasiado próximo de certos formatos da MTV actual.
De qualquer forma, essa suposta irreverência casa mal com cenas de sexo quase sempre tímidas e muito pouco credíveis - quem esperar o atrevimento de "O Amor é o Melhor Remédio" vai sair desiludido, uma vez que que os lençóis roubam o protagonismo aos actores.
Se Justin Timberlake e Mila Kunis estão mais preocupados em debitar diálogos do que em encarnar personagens de carne e osso, os secundários não têm direito a muito mais. Patricia Clarkson faz, mais uma vez, de Patricia Clarkson, com toda a excentricidade e carisma que se espera. Woody Harrelson, menos igual a si próprio (na pele de um jornalista desportivo gay), não tem muito para fazer. A excepção é mesmo Richard Jenkins, que dá à sua personagem, um doente de Alzheimer, uma densidade inesperada num filme tão ligeiro.
Numa das cenas iniciais, a personagem de Timberlake diz à de Kunis que não tem interesse em conhecer Nova Iorque porque já a viu nos episódios de "Seinfeld". Poderíamos dizer algo parecido acerca de "Amigos Coloridos", já que basta vermos o trailer para sabermos quase todos os passos que o filme dá. Mas admiramos, claro, o bom gosto de Timberlake: um episódio de "Seinfeld", mesmo em reposição, é bem mais divertido do que filmes como este...