O pior dos melhores ainda é bom
Depois de dois álbuns praticamente irrepreensíveis - "Witching Hour" e "Velocifero" -, é preciso chegarmos a meio do alinhamento de "Gravity the Seducer" para encontrarmos os Ladytron no seu melhor. A sequência de "Moon Palace", "Altitude Blues" e "Ambulances" é, de longe, a que mostra o quarteto de Liverpool mais à vontade no desenho de canções planantes e espaciais, que aqui são o fim em vista após experiências em torno de heranças electropop, shoegaze ou góticas/industriais nos discos anteriores. Não é que alguns destes territórios não voltem a ser percorridos, mas surgem diluídos num álbum que opta mais pela beleza do que pela vertigem e que acalma mais do que inquieta.
O efeito sedutor sugerido pelo título fica, então, um pouco aquém do esperado - sobretudo nos dois instrumentais, "Ritual" e "Transparent Days", curiosidades que fariam mais sentido como lados B -, o que não quer dizer que "Gravity the Seducer" chegue a ser uma desilusão. Os Ladytron, mesmo que por vezes mais lineares ("Mirage", "White Elephant"), parecem continuar a não saber fazer uma má canção, deixam algumas das mais bonitas do ano (com "Ninety Degrees" à cabeça) e mantêm-se entre os nomes confiáveis da electrónica actual. Este capítulo não será o mais brilhante da sua história, mas quantas bandas surgidas na viragem do milénio somam cinco discos tão consistentes?