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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

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De volta a Formentera (mas só desta vez)

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Surpresa, e das boas: embora tenham editado o seu disco mais recente no Verão passado, os METRIC já anunciaram o sucessor do ainda fresco "Formentera", e chega este ano. Mas há mais: pela primeira vez, a banda de Emily Haines avança com uma aproximação a um álbum duplo.

"FORMENTERA II", o nono longa-duração dos canadianos, resulta das sessões de gravação do antecessor e dá sinais de uma fase invulgarmente prolífica depois do distante (e óptimo) "Art of Doubt" (2018). Composto por nove inéditos, é apresentado por "JUST THE ONCE", single de faceta electrónica com travo disco, cortesia dos arranjos de cordas de Drew Jureka (colaborador de Dua Lipa).

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Se o ritmo dançável assenta bem a uma tarde ou noite de Verão, a letra revela-se mais meditativa do que lúdica, debruçando-se sobre comportamentos aparentemente isolados que acabam por se tornar hábitos ou mesmo vícios. Talvez por isso a vocalista descreva o tema como disco do arrependimento, interpretando-o com tanto de instigador como de melancólico.

O videoclip não quer inventar nada e capta o grupo de Toronto num ambiente onde costuma ser muito feliz: o palco, que ultimamente tem sido partilhado com os Garbage (parceria perfeita?) e Noel Gallagher (parceria não tão perfeita, mas aceita-se). Só é pena que nem esta digressão conjunta pareça o suficiente para trazer o quarteto a uma sala ou festival português (e já lá vão mais 20 anos de espera). Perda das promotoras nacionais, a julgar por concertos tremendos como o do Live Music Hall, em Colónia, há uns meses...

Um disco entre o Canadá e as Baleares

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Quase a completar 25 anos(!), os METRIC não mostram grandes sinais de desgaste nem de estagnação ao oitavo álbum. As primeiras impressões de "FORMENTERA", acabado de chegar esta sexta-feira, revelam que os canadianos voltam a conjugar o familiar com tentativas de expansão sonora sem que o casamento soe forçado.

Se "All Comes Crashing" e "What Feels Like Eternity", dois dos primeiros singles, não fugiram muito do habitual rock com contornos electrónicos e alma new wave (nada contra, antes pelo contrário), a canção de abertura, "Doomscroller" (que também foi um dos temas de avanço), é a mais longa de sempre da banda de Toronto, indo além dos dez minutos de duração enquanto mergulha num caos existencial inspirado pela ansiedade e paranóia do início da pandemia (período durante o qual o alinhamento foi ganhando forma).

Menos atormentada, a faixa-título, de arranque suavemente orquestral e contaminações space disco a meio, também propõe cenários até aqui inexplorados neste percurso, mas não menos condizentes com a voz de Emily Haines, a manter-se entre as mais cativantes e versáteis da sua geração.

"We will never settle, it would crush our souls", canta em "I Will Never Settle", hino tão inconformista como idealista que se move entre a melancolia e a euforia. Outro contraste, este entre amor e ódio, guia "FALSE DICHOTOMY", um dos momentos mais efusivos e borbulhantes, e provavelmente por isso promovido a novo single de um álbum para ir descobrindo ao longo do Verão. Mesmo que a inspiração estival conviva com alguma estranheza, como acontece no videoclip: