Os dragões pariram um rato?
Valeu a pena esperar quase dois anos (!) pela segunda temporada de "HOUSE OF THE DRAGON"? O primeiro episódio não convida a dar uma resposta definitiva, mas assegura que nada voltará a ser o mesmo na muito popular série da plataforma Max.
Quem espera sempre alcança ou desespera? No caso do spin-off de "A Guerra dos Tronos", a resposta talvez esteja algures pelo meio visto o arranque da nova leva de episódios (desta vez são apenas oito em vez dos anteriores dez, e a terceira época já está confirmada).
"A Son for a Son", o capítulo inaugural da segunda temporada, já deu que falar pelas avenidas da internet devido a um final "chocante", é certo, por muito o que o choque seja cada vez menos novidade nas aventuras de Westeros e que, dizem alguns dos que leram os livros "Sangue e Fogo", de George R.R. Martin (nos quais a série se inspira), a polémica sequência em causa fique aquém do abanão dramático do relato original.
Infelizmente, até esse momento decisivo esta hora de televisão sabe a pouco, tendo em conta os quase dois anos de intervalo entre temporadas (a primeira despediu-se em Agosto de 2022). Nada que não tivesse acontecido já em alguns recomeços da série mãe, às vezes mais dedicados a sinalizar as posições das peças no tabuleiro do que em as fazer avançar. "HOUSE OF THE DRAGON", no entanto, tem o inconveniente de contar com menos peças memoráveis.
Os saltos temporais da primeira temporada nem sempre jogaram a favor da construção das personagens nem do desenho das relações entre elas, e as mudanças de elenco vieram tornar confuso q.b. um universo mais delimitado (e à partida mais simples) do que o de "A Guerra dos Tronos" - já para não dizer que ter actores quase de idades próximas a interpretarem mães e filhos da mesma família é uma opção que belisca a verosimilhança (como se não bastassem aquelas perucas louras).
Os primeiros minutos até trazem, admita-se, algum ar fresco, ou mesmo frio (alô, Winterfell). Mas os seguintes limitam-se a picar o ponto, reencontrando as personagens em diálogos expositivos e nos quais o espectador precisa de um conhecimento enciclopédico destas linhagens familiares para saber a que pessoas os interlocutores se referem (algo que parecia acontecer menos na saga-matriz, apesar da galeria de protagonistas mais vasta, e que a longa distância entre estreias de temporadas acentua).
O ritmo narrativo também não é o mais aliciante e há sequências que parecem cair do ar (como a de Corlys Velaryon), embora outras contenham algum substrato emocional (caso da que conjuga momentos de luto de Rhaenyra Targaryen e Alicent Hightower, sublinhando a ambivalência da segunda em relação a cenários de guerra).
Mas o tal momento-"choque" promete, lá está, virar o jogo de forma definitiva e fazer com que este primeiro episódio, mais funcional do que saciante, seja muito pouco representativo do que se segue. E até traz uma novidade a esta saga, ao fazer olhar duas vezes para os "ratos" antes de temer a chegada dos dragões...
"FANTASMAS" estreou-se na Max a 17 de Junho. A plataforma de streaming estreia novos episódios todas as segundas-feiras.