A banhada de Honoré e Sagat
Nada contra o fascínio de Christophe Honoré por François Sagat, a estrela porno que protagoniza "Homme au Bain", o novo filme do realizador francês. Mas o resultado deste drama conjugal (sobre um casal recém-separado) talvez fosse mais interessante se o actor não fizesse apenas figura de corpo presente, à semelhança do que já tinha ocorrido em "L.A. Zombie", de Bruce LaBruce (então em terrenos do cinema de terror).
Como se não bastasse a sua personagem ter o carisma de um tijolo, as restantes também não lhe ficam muito atrás, até porque o autor de "As Canções de Amor" não parece saber muito bem o que fazer com elas. Além de as envolver em sucessivas cenas de sexo, filma-as a fumar, em modo contemplativo, de cinco em cinco minutos, mas não é por aí que "Homme au Bain" ganha estilo ou densidade. E mesmo os momentos musicais, ancorados em canções de bandas indie da moda (Two Door Cinema Club, Girls), são uma pálida derivação de sequências de antologia de filmes anteriores (ainda não é desta que a cena de Romain Duris ao som de Kim Wilde, elemento-chave de "Em Paris", tem sucessora à altura). Se a ideia de Honoré era filmar uma ode (pouco esforçada) ao corpo de Sagat, não deixou de o conseguir. Mas deixou um filme por fazer.
1,5/5
"Homme au Bain" é um dos filmes da oitava edição do IndieLisboa e pode ser revisto a 14 de Maio, às 21h45, na Sala 1 do Cinema São Jorge