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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Alice já não mora aqui (e se calhar vivemos bem com isso)

crystal_castles_2016

 

Depois de Alice Glass ter deixado os CRYSTAL CASTLES no ano passado, dando lugar a Edith Frances, houve quem chegasse a temer o fim do projecto de Ethan Kath, dono de uma das discografias mais aconselháveis dos anos 00 (continua a ser difícil escolher o melhor dos três álbuns). Entretanto, "Frail" e "Deicide", duas canções criadas pela nova dupla, deixaram de lado o pior cenário mas sugeriram, tal como o teaser de "Femen", que os dias mais intempestivos tinham ficado para trás, juntamente com a vocalista original.

 

Até que esta semana chegou "CONCRETE", tema que mostra Frances (finalmente?) em modo aguerrido, ancorado em ritmos devedores da EBM ao lado de uma tempestade techno/trance, sobretudo num refrão sujo e distorcido, a prometer explodir ao vivo. Isso quase acontece no videoclip, filmado pelo próprio Kath, com câmara à mão, enquanto segue a colega entre o público de um concerto ao ar livre.

 

A canção deverá fazer parte do próximo álbum da dupla canadiana, "Amnesty (I)" (título por confirmar), que alguns fãs acreditam estar agendado para Agosto. Já assegurada está a apresentação ao vivo em Portugal, com actuações no Porto (no Hard Club) e em Lisboa (no Paradise Garage), a 7 e 8 de Dezembro, respectivamente. Se mantiverem a energia da vocalista evidente no novo videoclip, vão ser adições muito bem vindas às ilustres memórias dos CRYSTAL CASTLES por cá - e com direito a novos hinos de electrónica para agitar multidões como esta:

 

 

Meninos do coro, mas com alma electro

 

Quem precisa de instrumentos quando tem dezenas de vozes e mãos à disposição? O Capital Children's Choir não precisa e é assim que apresenta a sua versão de um tema dos Crystal Castles, feita sem recurso aos sintetizadores e percussão do original ou a quaisquer equivalentes que não dependam exclusivamente dos seus elementos.

 

Esta não é a primeira vez que o coro londrino, composto por centenas de crianças e adolescentes, se aproxima da pop, como o atestam muitas e boas releituras de canções de Lady Gaga, Spiritualized, Stevie Wonder, Lily Allen ou Björk, entre outras. Apesar deste eclectismo, a escolha de "Untrust Us", da dupla canadiana, não deixa de ser arriscada e surpreendente (sobretudo porque o tema nem foi single e critica, para quem conseguir perceber, o consumo de cocaína). Mas mais surpreendente do que a aposta é mesmo a abordagem, sem a vertente (talvez demasiado) angelical de outras versões embora com candura suficiente para equilibrar a estranheza do original.

 

Quando tanta da música de e/ou para crianças mais propagada não anda longe de um atentado auditivo (ou a que se dirige a outras faixas etárias, já agora), pequenas maravilhas como esta permitem respirar de alívio durante três ou quatro minutos. Ou mais, porque o novo clássico gravado nos estúdios Abbey Road não merece só uma audição: