A ferro e fogo, de Bowie a Bolsonaro
Apesar de já ter sido editado no Verão do ano passado, o segundo álbum de Romero FERRO continua a apresentar argumentos que justificam a (re)descoberta de um dos nomes da nova pop brasileira a ouvir. Desta vez, o motivo para voltar ao alinhamento é "FAKE", sexto single do disco e um dos mais curiosos: por um lado, por se afastar da temática amorosa, mais habitual nas canções do pernambucano ("Love por Você" não engana), ao apostar num tom crítico; por outro, por deixar uma homenagem à escola de David Bowie (qualquer semelhança com o clássico "Fame" não será pura coincidência).
Depois de já ter revelado uma faceta activista em "Tolerância Zero", o cantor que cruza influências da música popular romântica do Recife com ecos da new wave e synth-pop atira-se ao retrato de um mundo dominado pela pós-verdade ou pela cultura do like, inspirado pela "política, relações humanas, poder, status, cenas digitais", assinala ao apresentar o novo single. "É sobre as nossas narrativas, as nossas verdades, a nossa estrutura, e como tudo isso é construído", diz ainda sobre o tema que compôs com Leo D, produtor de "FERRO" e teclista dos Mundo Livre S/A.
O videoclip, criado durante o período de pandemia, é mais uma vez protagonizado pelo brasileiro, agora num mundo virtual entre animações e colagens, com uma mistura de referências que inclui farpas a Bolsonaro, Trump ou à disseminação de fake news: