A idade é uma questão de óptica
Mais de 30 anos depois dos primeiros singles e com duas separações (e duas reuniões) pelo meio, os ORBITAL chegam finalmente ao décimo álbum.
"OPTICAL DELUSION", um dos discos da semana, é editado esta sexta-feira, 17 de Fevereiro, e prova que os irmãos Phil e Paul Hartnoll não querem limitar-se a celebrar um percurso determinante na música de dança, recentemente revisitado (e remisturado e reimaginado) na compilação "30 Something" (2022).
Em vez de se focarem no passado, os britânicos mostram-se atentos ao presente e a quem nele desenha possibilidades de futuro, pelo menos a julgar pelos convidados avançados no alinhamento e nos primeiros singles.
Os Sleaford Mods dão voz à sua inquietação habitual, sem meias palavras, em "DIRTY RAT", retrato aguerrido da tensão e corrupção pós-Brexit em linha com outra ponte entre veteranos e nomes recentes: a dos conterrâneos Leftfield com Grian Chatten, dos Fontaines D.C..
"RINGA RINGA (THE OLD PANDEMIC FOLK SONG)", ao lado dos Mediæval Bæbes, inspira-se na experiência do confinamento mas não anda longe do transe aural ainda que dançável de uns certos anos 90 - aqueles em que a dupla convidou uma então desconhecida Alison Goldfrapp, por exemplo, e o videoclip nem destoaria nas saudosas madrugadas Chill Out Zone da MTV.
O single mais promissor, no entanto, é o mais recente: "ARE YOU ALIVE?", belo acesso de indietronica delicada partilhado com os Penelope Isles, a ganhar especial encanto na versão mais longa, de quase oito minutos (e a lembrar que para os Hartnoll, a duração muitas vezes longa das canções foi sempre mais um desafio do que um entrave).
Anna B Savage, Dina Ipavic, The Little Pest e Coppe também se juntam ao sucessor de "Monsters Exist" (2018), registo que, apesar de interessante, não mantinha a coesão de "Wonky" (2012), álbum que assinalou o primeiro regresso do duo. De qualquer forma, novos passos de uma terceira vida como esta são sempre boas notícias: