A noviça rebelde
Longe vão os dias em que os CHERRY GLAZERR se contentavam com um rock de garagem pachorrento através do qual Clementine Creevy, a mentora e vocalista do grupo, fazia a crónica do quotidiano (geralmente entediante) da sua adolescência, entre pequenas odes gastronómicas ("Grilled Cheese") ou despedidas a animais de estimação ("Glenn the Dwag ").
Das vinhetas despretensiosas de "Haxel Princess" (2014),os californianos saltaram para "Apocalipstick" (2017), disco no qual se levaram mais a sério enquanto fizeram sobressair preocupações feministas cruzadas com experiências sobre a entrada na idade adulta, mudança que se fez acompanhar por uma moldura sonora mais musculada e outra atenção à produção.
Os singles mais recentes do trio, "Juicy Socks" e "Daddi", já tinham insinuado que esse seria o caminho a seguir no próximo álbum e a nova canção não vem trair a suspeita. Com uma sonoridade mais saturada do que nunca, "WASTED NUN" retoma a escola de algum rock alternativo de meados dos anos 90, através de guitarras efervescentes e refrão orelhudo, e será uma amostra fiel do que esperar em "Stuffed & Ready". De acordo com a vocalista, o álbum agendado para 1 de Fevereiro será o mais portentoso da banda ao partir da pressão sobre as mulheres e de crónicas de frustração, auto-destruição e revolta.
Fica o alerta, juntamente com um videoclip cuja mistura garrida do sagrado e do profano parece ter qualquer coisa do universo neo-noir de Nicolas Winding Refn, o realizador de "Drive - Risco Duplo", "Só Deus Perdoa" ou "O Demónio de Néon":