As brumas de "Par Avion"
Dez anos depois de formarem os Xeno & Oaklander, Sean McBride e Liz Wendelbo parecem ter pouca vontade de abandonar o caminho entre a coldwave e synth pop crepuscular, já percorrido desde o disco de estreia, "Vigils" (2006). E se calhar ainda bem, porque "Par Avion", o novo e quarto álbum, volta a mostrar que a dupla de Brooklyn conhece esses domínios como poucos.
Não é um caminho particularmente novo, os Visage, Ultravox ou New Order dos primeiros tempos que o digam. E às vezes nem tenta ir muito além da mera revisitação, mesmo que inegavelmente meticulosa. Mas pelo menos os adeptos de electrónica sombria, minimalista e cinemática deverão agradecer canções como "Par Avion" ou "Sheen".
Na primeira, a voz distante de Wendelbo marcha por um tapete de sintetizadores e drum machine, em modo sorumbático mas hipnótico - o videoclip, de imagem granulada e tons sépia, filmado em Budapeste, parece ter saído directamente do lado mais obscuro dos anos 80, à medida da canção. Já "Sheen" é dos temas mais arejados de sempre dos Xeno & Oaklander, a lembrar uns Vive La Fête menos expansivos e a sugerir que ainda vai havendo, aqui e ali, alguma margem de manobra para contornar o nevoeiro cerrado: