As mil e uma noites de Kinshasa deram um disco
Como são as noites de Kinshasa, capital do Congo e a terceira maior cidade africana? A resposta inspirou "BUTU", o novo álbum dos KOKOKO!, que chega esta sexta-feira, 5 de Julho, e promete ser dos mais festivos e acelerados deste Verão.
Sucessor de "Fongola" (2019), que colocou no mapa o colectivo que se expressa em vários idiomas e recorre a outros tantos instrumentos caseiros (de metal, madeira ou até de objectos encontrados no lixo) cruzados com sintetizadores, o segundo longa-duração alude à vida nocturna logo no título - "butu" é noite em lingala, uma das línguas bantus, falada em muitas regiões do Congo.
Mais uma vez ao lado do produtor francês Xavier Thomas, AKA Débruit, o grupo volta a juntar influências tradicionais e urbanas em canções insistentemente percussivas. Se a estreia já era um tratado de como fazer abanar o corpo com ritmos frescos, expondo uma postura tão experimental quanto lúdica sem deixar de ser assertiva (com palavras críticas do sistema político do país), o novo capítulo é descrito como mais intenso, electrónico e coeso.
Viagem à "estranheza e magia" de Kinshasa que celebra "a alegria e o espírito criativo" dos seus habitantes, avança a banda nas suas plataformas online, "BUTU" já se fez anunciar por quatro singles que revelam novos contornos do tekno kintueni, género que o colectivo cunhou para a sua música crua, hipnótica e com porta aberta ao improviso.
"SALAKA BIEN" e "MOTEMA MABE" são adições valiosas a essa linguagem, mas para já os maiores trunfos deste regresso ficam a cargo de "MOKILI", herdeira irresistível da house dos anos 90 em terreno tribal, e "BAZO BANGA", que arranca com sugestões rock antes de se entregar a música de dança virada para o mundo e sempre em ponto de ebulição. Boa notícia: esta festa vai passar por Portugal no Festival Ponte d'Lima, já a 2 de Agosto, dia em que também actuam os !!!, Shame ou Mão Morta.