Bravo, Belissimo
É um dos cocktails sonoros mais refrescantes do Verão e surge da mistura de disco, italo disco e nu disco. O resultado? Infradisco, denominação de BRUNO BELISSIMO para a música que apresentou no seu álbum de estreia homónimo, há dois anos, e que teve nova dose no segundo longa-duração, editado há poucos meses.
"Ghetto Falsetto", assim se chama o registo mais recente, mantém vivo o convite à dança num alinhamento de temas maioritariamente instrumentais (a excepção é "Soft Porn", com Foxy Galore) que além de várias vertentes disco junta temperos house, electro, lounge ou funk à receita. Mas também há por aqui laivos de algumas bandas sonoras de filmes de terror "alla italiana" dos anos 70 ou 80, ou não fosse o DJ, multi-instrumentista e produtor italo-canadiano filho do dono de um antigo clube de vídeo de Toronto (e que chegou a aventurar-se na realização de filmes de ficção científica de baixo orçamento).
Também não surpreende, por isso, que algumas faixas de BRUNO BELISSIMO tenham sido comparadas às de John Carpenter, embora a atmosfera de "Ghetto Falsetto" seja geralmente mais descontraída, festiva e soalheira do que a do cinema série B - "Horror Tropical", inspirada por "Zombi 2" (1979), de Lucio Fulci, será das excepções que confirmam a regra. Giorgio Moroder, outro veterano, conta-se entre as influências às quais se juntam nomes mais recentes como Lindström ou Todd Terje, que também têm encontrado novos rumos para o disco.
Aposta da La Tempesta, editora italiana que se tem especializado em várias revelações tendencialmente electrónicas, do formato canção aos mais experimentais (através de artistas como L I M, Lo Straniero ou Andrea Poggio), "Ghetto Falsetto" sugere que o seu autor deixou mesmo para trás os tempos punk-funk da banda da qual fez parte durante vários anos, os Low Frequency Club, e não se dá nada mal a explorar outros horizontes.
"Boloña Baleárica", o novo single, é uma amostra contagiante e o videoclip não dispensa o sentido de humor que percorre o alinhamento. Mas também valerá a pena recuar uns anos até canções do primeiro registo, como "Pastafari" e "French Riviera", outras conjugações felizes de música e imagem com brilho reforçado em dias estivais: