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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Canção para Marielle e Matheusa

Teto Preto

 

Pouco a pouco, os TETO PRETO têm-se imposto como uma das maiores forças da nova música brasileira ao vivo, somando cada vez mais convites para festivais, e sem sequer contarem com muitos discos na bagagem desde a sua formação, em 2014. Aliás, contam apenas com o EP "Gasolina" (2016), cuja faixa-título era uma amostra explosiva da sua colagem de MPB, ritmos africanos, música de dança (techno em particular) ou ambiências industriais.

 

Dessa vontade de juntar o electrónico e o orgânico, com um convite à pulsão do corpo sem deixar de provocar a mente, nasceu também "BATE MAIS". O single mais recente, primeiro tema de um álbum a editar até ao final do ano, é outra canção longa (com mais de oito minutos) e propulsiva, mais uma vez assente nas palavras de ordem da vocalista Angela Carneosso, em modo spoken word, e numa mistura desregrada de sonoridades - com um frenesim tribal que se torna mais sintético e acelerado na segunda metade do tema.

 

Teto Preto - Bate Mais

 

Se "Gasolina" já deixava um manifesto, aprofundado num vídeo que olhava de frente para as tensões políticas e sociais brasileiras, este novo passo reforça a postura do colectivo de São Paulo enquanto voz de protesto pelos direitos das minorias: sejam mulheres, negros ou LGBTQ+. E por isso "BATE MAIS" é especialmente dedicada à vereadora do PSOL Marielle Franco e à estudante e modelo Matheusa Passarelli, ambas activistas assassinadas este ano no Rio de Janeiro sem que as investigações das mortes tenham dado grandes respostas.

 

"É um dub sobre o agora: repressão, liberdade, sexo e torpor. "BATE MAIS" é sobre não aceitar a condição de vítima. É sobre ser mulher. É um grito de (com)paixão pela luta das mulheres, é uma maneira de não esquecermos de nós, de quem somos. É sobre Marielle e Matheusa. É também sobre o nosso útero", descreve a banda. Essa urgência também passa pelo videoclip, realizado por Martina Piazza, que capta uma actuação num edifício abandonado de São Paulo e ajuda a explicar porque é que os concertos dos TETO PRETO têm sido cada vez mais disputados: