Carrie, a agente vermelha (?)
"Insiste, não choramingues e não aceites um não como resposta". É com este conselho que Carrie Mathison despacha, em três tempos, os desabafos de uma colega novata no arranque da oitava temporada de "SEGURANÇA NACIONAL". Mas a breve enumeração também descreve alguns dos traços que ajudaram a personagem interpretada por Claire Danes a tornar-se uma das mais icónicas (e sobretudo das mais obstinadas) do pequeno ecrã nos últimos anos.
Na "idade de ouro" da ficção televisiva, vincada por estreias à velocidade da luz, a saga do Showtime já será uma referência jurássica - arrancou em 2011 -, mas entre os altos e baixos (tanto criativos como de interesse do público e da crítica), tem-se mantido fiel à natureza da protagonista e à sua jornada pessoal e profissional.
Chegados à última temporada, é em Carrie que as todas atenções voltam a centrar-se, e a série de Alex Gansa e Howard Gordon volta a saber como encontrar novos ângulos para a seguir. Este recomeço, depois de um período em que a agente da CIA foi prisioneira russa durante vários meses, consegue ser uma lufada de ar fresco enquanto faz uma rima curiosa com os primeiros tempos da saga, sem que a aproximação pareça forçada - pelo menos no episódio de estreia.
Se a primeira temporada se debruçava na hipótese de o então co-protagonista Nicholas Brody ser ou não um terrorista, após ter sido capturado no Médio Oriente, agora é Carrie quem volta a estar nesse papel, sendo encarada com desconfiança por vários colegas e superiores hierárquicos quando a sua lealdade aos EUA é repetidamente colocada em causa. Mas esta viragem não lança a dúvida apenas nas personagens secundárias: o espectador também pode facilmente ficar de pé atrás, em especial quando a própria protagonista começa a colocar as suas memórias em cheque.
Ao estabelecer Carrie como um peão importante num jogo de tensões que, além dos EUA e da Rússia, envolve o Afeganistão, o Paquistão e os talibãs, "SEGURANÇA NACIONAL" entra na recta final com a dose de intriga certa para um thriller político que ainda sugere ter coisas a dizer. E nem todas serão favoráveis para a facção norte-americana, como o atestam algumas das cenas com Saul Berenson, a outra personagem-chave de uma saga que não tem facilitado a vida a muitos dos seus intervenientes. Max Piotrowski, outro elemento veterano da equipa, também regressa como agente de campo num dos subenredos da nova fase, e talvez seja desta que os argumentistas permitam conhecê-lo melhor. Em todo o caso, a missão de fechar a saga parece estar bem entregue a Carrie - mesmo que ela própria comece a duvidar disso.
A oitava temporada de "SEGURANÇA NACIONAL" estreou esta semana e conta com 12 episódios. Em Portugal, é emitida na FOX todas as quartas-feiras, às 23h05.