De pós-apocalípticos a meninos de coro
Já passaram dez anos desde que os PRESETS editaram "Apocalypso", o segundo álbum da dupla e talvez o melhor (e o mais vertiginoso) de uma geração de bandas australianas que se especializaram em pop electrónica dançável no início do milénio - uma família que vai dos Cut Copy aos RÜFÜS, passando pelos Empire of the Sun ou Van She.
"Pacifica" (2012), o disco que se seguiu, esteve longe de manter a combinação frenética desse marco no cruzamento de electropop, rock e techno, e apesar de alguns momentos inspirados também não ofereceu singles do calibre de "My People" ou "This Boy's in Love".
Seis anos depois, e com poucas novidades pelo meio, Julian Hamilton e Kim Moyes preparam finalmente a chegada do sucessor e já começaram a desvendá-lo. "HI VIZ", o quarto álbum, chega a 1 de Junho e já tinha sido antecipado por "Do What You Want" e "14U+14ME", cartuchos eficazes para as pistas mas que não pareciam trazer grandes sinais de mudança ao universo dos PRESETS (o segundo até se mostrava mais interessante na remistura de Superpitcher, já em modo afterhours).
Ainda assim, parece haver espaço para algumas surpresas por aqui. "DOWNTOWN SHUTDOWN", o terceiro single de avanço para o disco, mantém a pulsão rítmica embora num tom inesperadamente luminoso, em parte pela colaboração do coro da igreja Luterana de St. Paul, composto por refugiados da República Democrática do Congo, Burundi e Sudão do Sul. Depois da explosão raver e industrial, a viragem para uma pop electrónica a fazer pontes com a world music (e a música africana em particular)? Talvez seja só um episódio pontual, mas é o mais refrescante da dupla em muito tempo.
Touch Sensitive, músico e produtor dos Van She, junta-se à festa no baixo e está entre os convidados do álbum (ao lado de Jake Shears, dos Scissor Sisters, ou Alison Wonderland). Ainda mais concorrido é o videoclip, que mantém o ambiente de celebração comunitária e reforça a vontade de ver os PRESETS num palco português (até porque a espera já vai longa):