Depois da Eurovisão, o regresso ao bairro
Deu que falar na edição deste ano do Festival da Eurovisão, na qual se destacou com o segundo lugar na final, por "Soldi", tema que representou a Itália. Mas se essa projecção acabou por dar outro embalo ao seu álbum de estreia, "Gioventù bruciata", editado em Fevereiro (e sucessor de um EP homónimo, de 2018), MAHMOOD parece estar mais interessado em dar o próximo passo do que em capitalizar o que está para trás.
Em vez de apostar num novo single do disco, o italiano de ascendência egípcia apresenta "BARRIO", o primeiro inédito depois do patamar de visibilidade internacional. E como o título sugere, é uma canção que vinca mais um regresso a casa do que uma viragem sonora, ao voltar a apostar no cruzamento de influências que já dominava as antecessoras.
Ainda assim, o resultado não se limita ao regime de mais do mesmo: mantém-se a herança da música árabe na produção, assim como a mistura de hip-hop, R&B e pop na composição, mas há espaço para contaminações do flamenco, audíveis logo no arranque - com uma ponte entre o tradicional e o contemporâneo que não será estranha ao universo de Rosalía.
Tal como "Soldi", é um tema autobiográfico, que deixa uma homenagem à amálgama cultural com que Alessandro Mahmoud cresceu em Milão. Não admira, por isso, que o videoclip esboce um retrato da cumplicidade entre a comunidade hispânica e árabe, enquanto ajuda a explicar a escolha do italiano para actuar na sede do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, em Outubro - antes do arranque da digressão "Good Vibes" por várias cidades europeias. A estadia no bairro não vai ser longa, afinal...