Depois do poder, a violência
Longe vão os tempos em que GRIMES era um segredo bem guardado e partilhado através de rebuçados dream pop como "Vanessa" ou "Crystal Ball". Sete anos depois de "Visions", terceiro álbum e alavanca de uma maior projecção internacional, cada nova canção (ou até cada demo) do projecto de Claire Boucher é recebida e dissecada nas redes com uma expectativa que "Art Angels" (2015), ainda o álbum mais recente da canadiana, ajudou a reforçar (apesar do alinhamento desequilibrado).
Nem sempre é falada pelos melhores motivos: "We Appreciate Power", revelada em 2018, não escapou a várias alusões à relação da cantora com Ellon Musk. Mas era um single que mostrava que a música ainda contava mais do que as produções fotográficas ou os videoclips, ferramentas que se foram tornando mais decisivas neste percurso.
Menos musculado e sem descendência tão evidente da electrónica industrial, "VIOLENCE", a nova amostra do próximo disco, mantém a moldura sintética numa colaboração com o DJ e produtor i_o. É das canções mais directas de GRIMES, e uma forma eficaz de ir mantendo o compasso de espera até "Miss_Anthrop0cene" (prometido para este ano, mas o adiamento já vai longo). Quem quiser entrar no fim de semana pela pista de dança, pelo menos, não ficará mal servido com um single que sobrevive às primeiras audições e se vai tornando viciante. O videoclip dá o mote e sugere a coreografia: