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Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Entre corações errantes, vidas à margem e um grupo de agitadores

O QUEER LISBOA 26 abre portas esta sexta-feira, 16 de Setembro, numa edição que leva 87 filmes de 27 países ao Cinema São Jorge e à Cinemateca até dia 24. Para início de percurso, ficam por aqui cinco sugestões.

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"Foto-Fátuo", o novo filme de João Pedro Rodrigues, tem honras de inauguração do 26.º ano do festival que nos próximos dias desafia o público pensar na construção do conceito 'queer', tanto no passado como no presente. O encerramento faz-se com "Esther Newton Made Me Gay", da norte-americana Jean Carlomusto, sobre a antropóloga social e activista lésbica Esther Newton.

Pelo meio, há espaço para dezenas de apostas de vários géneros, origens e formatos, através das já habituais secções Longas, Curtas, Documentários, Panorama, "In My Shorts" e Queer Art, num ano que traz de volta as Hard Nights (dedicadas a dois nomes da produção de obras explícitas, Fred Halsted e Mahx Capacity).

A retrospectiva "Notes on Camp: o Delírio Drag do Gay Girls Riding Club" recorda o colectivo que começou a parodiar o cinema de Hollywood nos anos 1960 e entre as actividades paralelas há lançamentos de livros, festas ou a apresentação da campanha "Eu sou VIH+ e visível".

Como começar a escolher o que ver ao longo de uma semana pode ser um desafio exigente, ficam por aqui cinco sugestões que prometem valer a descoberta nos primeiros dias:

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"JOYLAND", de Saim Sadiq: Vencedor do Prémio do Júri da secção Um Certain Regard e da Queer Palm no Festival de Cannes deste ano, esta primeira longa-metragem de um realizador com várias curtas no currículo troca as expectativas a uma família paquistanesa (que partilha a nacionalidade com o autor) que esperava ter no seu único filho a garantia da descendência natural do clã. Mas as coisas complicam-se quando este se apaixona por uma bailarina trans de um teatro de dança erótica no qual trabalha à revelia dos pais, obrigando todos a reconsiderar o seu papel.

Sábado, 17 de Setembro, às 22h00, no Cinema São Jorge - Sala Manoel de Oliveira 

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"WET SAND", de Elene Naveriani: Depois de ter tido em "And Then We Danced", de Levan Akin, um olhar memorável sobre a opressão na Geórgia há uns anos, o festival propõe outro retrato conterrâneo de vidas marginais e silenciadas. O segundo drama da realizadora de "I Am Truly a Drop of Sun on Earth" (2017) é uma viagem a uma pequena localidade na costa do Mar Negro que arranca com a chegada da neta de um homem encontrado enforcado. A procura de respostas acaba por desvendar um novelo de segredos e mentiras da comunidade, rastilho para que se imponha o realismo cru associado à autora.

Domingo, 18 de Setembro, às 19h00, e quarta, 21 de Setembro, às 16h00, no Cinema São Jorge - Sala Manoel de Oliveira 

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"ERRANTE CORAZÓN", de Leonardo Brzezicki: Revelação do Queer Lisboa há quase dez anos, com o intrigante "Noche" (2013), o realizador argentino está de volta com aquela que é apenas a sua segunda longa-metragem (pelo meio houve uma curta). E este drama parece substancialmente diferente do objecto quase inclassificável (mas muito promissor) que o festival exibiu antes, ao seguir por uma narrativa mais linear ancorada no quotidiano de um pai solteiro homossexual que tenta lidar com uma separação conturbada e o afastamento da filha. Leonardo Sbaraglia, que encarna o homem à beira de um ataque de nervos depois de ter passado por "Dor e Glória", de Pedro Almodóvar, ou "Intacto", de Juan Carlos Fresnadillo, é um motivo adicional para juntar este filme à lista.

Domingo, 18 de Setembro, às 22h00, no Cinema São Jorge - Sala Manoel de Oliveira 

Seguindo Todos os Protocolos.jpg

"SEGUINDO TODOS OS PROTOCOLOS", de Fábio Leal: Como ter relações sexuais sem deixar de cumprir à risca as medidas de segurança da COVID-19? A tentativa de resposta levou a um dos filmes com uma das premissas mais curiosas desta edição do festival e dos que espelham mais directamente a experiência da pandemia. Primeira longa-metragem do realizador, argumentista e actor que dirigiu o documentário "Deus Tem AIDS" (2020) ao lado de Gustavo Vinagre (cujo novo drama, "Três Tigres Tristes", também pode ser visto no Queer Lisboa deste ano), é uma oportunidade de descobrir aquela que começa a impor-se como uma das vozes inconformadas do novo cinema brasileiro.

Segunda, 19 de Setembro, às 22h00, e quinta, 22 de Setembro, às 16h00, no Cinema São Jorge - Sala Manoel de Oliveira 

Los Agitadores.jpg

"LOS AGITADORES", de Marco Berger: O autor de "Ausente" ou "Taekwondo" tem sido das apostas recorrentes do Queer Lisboa desde a sua primeira longa-metragem ("Plan B", de 2009) e encontra no festival a sua montra privilegiada nas salas portuguesas. O novo filme do argentino não foge à regra e assinala o seu regresso à ficção depois das três experiências documentais que se seguiram a "El Cazador", de 2020. Mais uma vez concentrando-se no universo masculino e nas relações de cumplicidade entre jovens adultos, traz o retrato das férias de Natal de um grupo de amigos na casa do protagonista, do qual se espera a mistura de provocação, voyeurismo e ambiguidade que tem sido marca da obra de Berger.

Terça, 20 de Setembro, às 22h00, no Cinema São Jorge - Sala Manoel de Oliveira