Este "black mirror" não desilude
Ao anunciar o lançamento do próximo álbum, "ALL MIRRORS", para 4 de Outubro, ANGEL OLSEN aumenta a curiosidade ao estrear uma canção que eclipsa praticamente todo o alinhamento do antecessor, o algo tépido (mas tão sobrevalorizado) "MY WOMAN", de 2016.
A faixa-homónima e single de apresentação do quarto disco propõe uma viragem sonora que troca o rock indie e a folk pelos sintetizadores, aos quais se juntam orquestrações que reforçam uma grandiosidade a milhas das origens lo-fi da norte-americana. E se é verdade que o resultado não anda longe das atmosferas de muitas descendentes de Kate Bush surgidas nos últimos anos (e da faceta electrónica de Susanne Sundfør em particular), deixa um belo ponto de partida para um álbum inspirado pelo lado sombrio, por uma capacidade renovada de amar e pelos desafios da mudança - além de marcar o reencontro com John Congeleton, produtor de "Burn Your Fire For No Witness" (2014), o registo mais recomendável da cantautora até agora.
O videoclip, assinado por outro colaborador habitual, Ashley Connor, aprimora a carga onírica e cinematográfica da canção, que talvez também vá dominar os concertos anunciados para Portugal em 2020: a 23 de janeiro no Capitólio, em Lisboa, e a 24 no Hard Club, no Porto. Para já, vale a pena ir contemplando (e escutando) estes espelhos: