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Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

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Estes pré-romanos são loucos

Nova aposta dos produtores de "Gomorra", "ROMULUS" promete ser tão ou mais violenta do que essa saga de culto enquanto se impõe como a mais recente série italiana a espreitar. A primeira temporada já arrancou e pode ser vista na HBO Portugal.

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"Gomorra" meets "Vikings"? É um cruzamento possível de equacionar depois de vistos os dois primeiros episódios de "ROMULUS", estreados no sábado passado na HBO Portugal. A série recua até ao ano VIII a.C. para contar o que levou à origem de Roma e não abdica da crueza e luta desmesurada pelo poder que se destacou nessas suas sagas, partilhando ainda com a primeira nomes da equipa de produção, um dos directores de fotografia (Giuseppe Maio), o autor da banda sonora (Mokadelic) e alguns actores (incluindo uma das actrizes principais, Ivana Lotito).

Resultado de uma colaboração entre a ITV Studios, Cattleya, Groenlandia e Sky Atlantic, a série de dez capítulos não parece ter poupado recursos numa reconstituição histórica ambiciosa, dos cenários ao guarda-roupa, convidando a descobrir a antiga cidade de Alba Longa e a floresta adjacente com uma exuberância visual assinalável. Mas Matteo Rovere, realizador que já tinha abordado a história de Rómulo e Remo no filme "Il primo re" (de 2019, que passou por cá na Festa do Cinema Italiano), não se contenta com o fogo de vista (às vezes literal) e insistiu em que os diálogos fossem todos falados em latim arcaico, tentativa de rigor que se distancia das opções da maioria das séries históricas (que preferem o inglês ou o idioma do seu país de origem).

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Essa aproximação ao realismo, ancorada numa colaboração com linguistas e historiadores, também passa pela atenção meticulosa aos costumes, tradições e rituais ancestrais de uma saga de época que não quer, no entanto, ficar refém do mito da loba e dos dois irmãos. O arranque deriva antes das tensões entre as dezenas de tribos num momento em que partilham o mesmo território, com o retrato a seguir em especial a jornada de três jovens obrigados a lidar com conflitos familiares, comunitários ou religiosos enquanto fazem o que podem para sobreviver. E são, cada um à sua maneira, vítimas de um sistema implacável onde viver ou morrer depende de muito pouco e onde o poder, mesmo depois de legitimamente conseguido, é igualmente volátil.

Nos dois primeiros episódios, "ROMULUS" mostra-se uma superprodução sumptuosa, sem ser excessivamente ostensiva, e com um fôlego épico envolvente, reforçado pelo elenco. Ainda assim, quem sobressai nem é tanto o protagonista, um príncipe Yemos demasiado plano (pelo menos por enquanto), apesar da interpretação competente de Andrea Arcangeli, mas o renegado e mais arisco Wiros, encarnado por Francesco Di Napoli, actor revelação de "Piranha - Os Amigos da Camorra" - filme do italiano Claudio Giovannesi, realizador cujos créditos também incluíam alguns capítulos de... "Gomorra", lá está.

"ROMULUS" chegou a 7 de Novembro à HBO Portugal, que estreia dois episódios aos sábados.

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