Há algo de fresco no reino da Dinamarca
Os RANGLEKLODS não são propriamente novatos. "Straitjacket", editado em Maio, é já o segundo álbum do duo formado em 2010, em Copenhaga, mas ainda assim Esben Andersen e Pernille Smith-Sivertsen estão longe de ser nomes sonantes, mesmo dentro da electrónica mais dançável e obscura em que se movem.
E é pena que não sejam, porque o sucessor de "Beekeeper" (2012), apesar de algo esquizofrénico na mistura de atmosferas, serve alguns bons cartuchos tanto para o horário nobre da pista de dança como para o after hours ou mais além - o breakbeat lânguido de "Tricks" para o primeiro caso, o gótico sintético de "Schoolgirls" ou "Forgive" para o segundo, por exemplo.
A unir os contraste de ambientes estão as vozes, com a dele a lembrar um Mark Lanegan mais afastado do rock e da folk, mas nem por isso menos denso, e a dela, não tão presente, a remeter para um encontro entre Elizabeth Fraser e Grimes, sobretudo no single "LOST U". A canção, que abre o disco e foi a primeira aposta oficial, é dos momentos mais contagiantes do alinhamento, ao avançar pela house 4/4 para a desconstruir na segunda metade. Desse choque entre imediatismo e estranheza sai o melhor dos RANGLEKLODS, num single a milhas dos chatíssimos Disclosure e aparentados, banda sonora mais habitual de noites como as do videoclip: