Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Há espaço para todos

spceco

 

Muitas vezes esquecidos na altura de relembrar nomes entre a dream pop e o shoegaze, os Curve têm deixado descendência mais ou menos directa em discos dos School of Seven Bells, Asobi Seksu, Tamaryn ou I Break Horses, cujas combinações de vozes femininas etéreas e ambientes com contrastes de melodia e distorção os aproximam da dupla de Toni Halliday e Dean Garcia em inícios dos anos 90.

 

A essa lista de bandas relativamente recentes podem juntar-se os SPC ECO, mas aqui a derivação acaba por ser ainda mais evidente, para não dizer inegável. Outro duo ele e ela britânico - com colaboradores pontuais -, o projecto junta Garcia e a a filha, Rose Berlin, replicando a divisão de funções habitual nos Curve, com ele a assumir a vertente instrumental e a produção e ela a voz - a composição é partilhada.

 

Infelizmente, este percurso tem sido ainda mais discreto do que o da banda que mais o inspirou, e nem o facto de a dupla ser produtiva como poucas - com a edição de um álbum por ano desde 2010 - parece ter ajudado muito. É verdade que às vezes este cruzamento de guitarras e electrónica, com influências industriais ou trip-hop, soa mais a uma extensão dos Curve do que à busca de uma identidade própria e reconhecível. Mas não só é legítimo ser Garcia a fazê-lo como o resultado prova que, neste caso, quem sabe não esquece - e ao longo de cinco álbuns e vários EPs não faltam belos momentos.

 

Seja como for, o disco mais recente, "The Art of Pop", editado no final do ano passado, tem pelo menos o mérito de ser o que mais se distingue dos restantes até agora (e da influência assumida). Em vez das texturas densas e claustrofóbicas, os SPC ECO optaram agora por uma electropop cristalina, com a voz de Rose a ganhar mais espaço e nitidez. Que as novas canções não tenham nem metade da atenção dedicada a sensações hipster comparáveis, mas não especialmente intrigantes (como uns Purity Ring), é uma pena... Canções como "HEAR ME NOW", o novo single, a demonstrar que a dupla domina a arte da pop. Além do videoclip desse tema, fica ainda aqui o de "ZOMBIE", do álbum "Sirens and Satellites" (2013), um daqueles casos em que é difícil não pensar na banda anterior de Garcia - e que também não envergonha nada a sua herança: