Isolado, mas muito inspirado
Revelado com um single irresistível, "On the Regular", e um álbum que deu carta branca ao apelo festivo, "Ratchet" (2015), SHAMIR depressa trocou as voltas a quem esperava mais fusões dançáveis e irreverentes de pop electrónica, hip-hop, house ou R&B, tão devedoras dos ensinamentos de Prince como dos LCD Soundsystem.
Desde esse ecletismo dos primeiros tempos, o norte-americano tem sido mais prolífico do que especialmente surpreendente, ao editar seis álbuns em cinco anos sem trazer grandes novidades a uma linguagem que se desviou para um rock lo-fi e confessional de travo indie.
"Cataclysm", o disco mais recente, editado em Março, parecia assegurar a consolidação de uma escrita e de uma produção sem o rasgo e o atrevimento que o início deste percurso sugeria. Mas nos últimos meses, SHAMIR aproveitou a quarentena para começar a trabalhar num novo álbum, prometido ainda para este ano, e já revelou a primeira amostra... onde finalmente volta a surpreender.
Inspirada pelo final de uma relação amorosa, "ON MY OWN" não só está muitos furos acima de qualquer faixa de "Cataclysm" como resulta no melhor single do seu autor desde o marcante "On the Regular". Embora menos polido, é tão directo e orelhudo como esse cartão de visita, com um casamento perfeito de guitarras e sintetizadores, ritmo e melodia, e uma voz a brilhar em falsete. Apresentado como um hino acidental do confinamento, sobretudo para quem vive sozinho, deixa uma ode à independência e à diferença que abre caminho para aquele que é descrito como o disco mais "comercial" do músico de 25 anos. O álbum será também o primeiro com vários produtores, e coube a Kyle Pulley, dos Thin Lips, encarregar-se do tema de avanço.
Além de compor e interpretar a canção, SHAMIR realizou o videoclip - filmado em casa, como não poderia deixar de ser num single dedicado aos introvertidos: