Não é boato: esta é mesmo uma banda a ter por perto
"Below the Waste", o terceiro álbum das GOAT GIRL, editado este Verão, não será o mais imediato da banda britânica, mas é dos que recompensam a insistência. Alargando o gosto aventureiro da estreia homónima (2018) e "On All Fours" (2021), teve um aliado determinante no produtor John "Spud" Murphy (cujos créditos incluem Lankum ou Black Midi), foi gravado no Studio 13, de Damon Albarn, em Londres, entre outros espaços, e deve alguma inspiração ao experimentalismo dos Deerhoof e de Philip Glass, cujos discos vincaram o dia a dia da vocalista e guitarrista Lottie Pendlebury durante a escrita de canções.
Embora talvez demasiado longo, o alinhamento é o mais versátil do projecto londrino que começou por partir do pós-punk, da folk e do psicadelismo, piscou o olho à pop electrónica e se interessou, neste terceiro capítulo, por coros e arranjos de cordas tão sumptuosos como sinuosos sem abandonar caminhos já percorridos. "Sleep Talk" e "Wasting", temas que fecham o álbum com chave de ouro, serão dos melhores exemplos da nova colheita, mas há mais a descobrir destas sessões de gravação.
"GOSSIP" não chegou a integrar "Below the Waste" por estar mais próximo de referências distantes das que marcaram o disco - o grupo aponta os universos de Aphex Twin, Koreless ou Tirzah como influências directas - e é a primeira canção a contar com Ruby Kyriakides, o novo membro do trio tornado quarteto, tendo a seu cargo os sintetizadores (dominantes no tema, tal como os teclados).
Além do videoclip abaixo, realizado por Pendlebury, vale a pena espreitar aqui o documentário "The Making of Below The Waste | A Reality Breakdown Documentary", que se debruça sobre o processo multidisciplinar da criação do álbum e da forma como este transitou para os palcos - e falando neles, não seria nada mau poder ouvir estas canções ao vivo por cá.