Noites bravas
Editaram um dos discos de estreia mais surpreendentes do ano, foram dos maiores fenómenos musicais franceses e já preparam um sucessor enquanto mantêm as identidades anónimas e rejeitam editoras. Colectivo que junta música e artes visuais, os FAUVE são para muitos a voz da juventude dentro de portas mas um álbum como "VIEUX FRÈRES - Partie 1" não merece ficar só por casa, como já não merecia o EP "BLIZZARD", de 2013.
A fusão de hip-hop, electrónica e rock alternativo (com ecos dos anos 80 e 90 e influências assumidas dos Pixies e Sonic Youth), unida pelos disparos spoken word do vocalista, funciona muito bem só por si e sai reforçada pelos óptimos videoclips, ferramenta essencial deste grupo de jovens parisienses.
A carga cinematográfica de alguns relatos e imagens acaba por ser natural para um projecto inspirado por "Noites Bravas" (Nuits Fauves), o único filme do escritor, músico, actor e realizador Cyril Collard, que morreu pouco depois da estreia, em inícios dos anos 90, vítima de HIV. As canções dos FAUVE partilham alguma da urgência dessa obra, a predilecção por ambientes nocturnos e urbanos e a alternância entre euforia e melancolia, traços ampliados nos fortíssimos concertos, dizem as boas línguas - como a Les Inrockuptibles, que não tem disfarçado a devoção.
2015 também promete ser um ano de boas notícias para o colectivo e quem o segue. "VIEUX FRÈRES - Partie 2" já tem data de edição agendada, 16 de Fevereiro, e vale a pena ir acompanhando a espera.
Esta semana o grupo revelou "BERMUDES", novo avanço para o disco, cujo loop da base rítmica reforça a aproximação ao hip-hop embora as guitarras, habituais no registo de estreia, sejam recuperadas no final. O videoclip segue os passeios nocturnos de três amigos, numa espécie de versão masculina e adolescente do de "INFIRMIÈRE", e mantém a montagem ágil do menos narrativo "JEUNESSE TALKING BLUES", mesmo que a canção fique um pouco abaixo desses dois picos do primeiro álbum: