O novo dia (e noite) de uma história com muitas canções
Continua a ser difícil não associar imediatamente ALEX BEAUPAIN a "As Canções de Amor" (2007), filme de Christophe Honoré que assenta na banda sonora criada pelo cantautor francês. Mas por muito que esse registo continue a ser a grande referência, foi apenas um dos primeiros capítulos de uma discografia que já vai longa - e que se tem mantido entre a música para filmes (de Honoré e não só) e uma obra que soma vários álbuns de estúdio.
"PAS PLUS LE JOUR QUE LA NUIT", o sexto longa-duração (não contando com as aventuras cinematográficas), é mais um caso meritório de uma pop sóbria e eloquente, ancorada em relatos de um cantor que também é um diseur, à semelhança de muitos dos nomes que admira - de Jacques Brel a Serge Gainsbourg, passando por Étienne Daho.
Embora BEAUPAIN tenha recrutado novos cúmplices - com Superpoze e Sage, ambos associados à música de dança, a destacarem-se na produção -, o resultado é tão outonal e melancólico como até aqui. E mais uma vez apoiado numa escrita muitas vezes auto-biográfica, mesmo que às vezes teste outras inspirações (como "Orlando", que parte do atentado numa discoteca LGBT na Flórida, em 2016).
Num alinhamento nem sempre imediato (mas que vai encorajando regressos), uma das melhores portas de entrada é a faixa-título, não por acaso o novo single - e dos poucos momentos com um dinamismo rítmico acentuado. O videoclip vem assinado por Xavier Legrand, realizador de "Custódia Partilhada":