O pesadelo profundo de Tilda Swinton
Embora o reconhecimento junto do grande público só se tenha intensificado na fase mais recente da sua carreira, Tilda Swinton tem um percurso camaleónico desde meados dos anos 80, não só pelas próprias interpretações que foi deixando mas pelos meios em que se moveu - da televisão ao cinema, do teatro à performace, da moda à poesia.
Há quase 20 anos, a britânica esteve no centro de um dos melhores videoclips dos ORBITAL (até mesmo de acordo com os próprios), que acompanhou o single "THE BOX". A canção é um dos pilares de "In Sides" (1996), quarto álbum dos irmãos Hartnoll, no qual surge dividida em duas partes, mas hoje é quase indissociável das imagens que Jes Benstock e Luke Losey criaram ao lado da actriz.
Numa altura em que conterrâneos da banda inglesa - como os Massive Attack, Leftfield, Future Sound of London ou Tricky - pediam inspiração à tensão de fim de milénio para moldar electrónica densa e hipnótica, este videoclip foi uma aliança particularmente conseguida entre música e imagem, ao propor um passeio urbano com Swinton que resultou numa espiral de alienação entre a hora de ponta e finais da madrugada.
Quando o vídeo parecia ter ficado esquecido no baú de recordações dos 90s (altura em que afastou o sono de muitas noites do saudoso "Chill Out Zone", da MTV), foi resgatado numa nova versão, agora através do software Deep Dream. O código criado pelo Google dá azo a imagens quase sempre bizarras e aqui alarga o ambiente de paranóia, adicionando alucinações à montagem já se si ziguezagueante. Paul Hartnoll aprovou e partilhou o update, Tilda Swinton torna-se uma criatura ainda mais insondável: