O rei vai cru
Embora os KING HANNAH sejam de Liverpool, seria legítimo pensar que as origens da dupla de Craig Whittle e Hannah Merrick são norte-americanas.
"Tell Me Your Mind and I'll Tell You Mine" (2000), o EP de estreia do projecto e das apostas recomendáveis da City Slang dos últimos anos, foi um caldeirão de blues implosivo, folk sinuosa e ecos de americana e gótico sulista, com lembranças dos anos 90 segundo uns Mazzy Star e às vezes a recuar mais, até à escola de Bruce Springsteen (evidente em "Bill Tench", a grande canção do disco e também a mais imediata).
Não por acaso, um dos temas que o duo revelou desde essa altura foi uma versão de "State Trooper", a reforçar a herança do 'Boss' nesta música atmosférica, às vezes cinematográfica, que remete frequentemente para cenários áridos e desolados do interior norte-americano.
"I'm Not Sorry, I Was Just Being Me", o primeiro álbum, chega esta sexta-feira, 25 de Fevereiro, e é bem capaz de vir alargar as fronteiras deste universo. "A Well-Made Woman", o single de apresentação, conciliou as raízes norte-americanas com um travo trip-hop. "All Being Fine" deu mais provas da voz magnética de Merrick, novamente envolta numa moldura instrumental densa e psicadélica q.b.. E "BIG BIG BABY", o novo avanço, deixa um embalo serpenteante nascido de blues industrial, não muito longe do que PJ Harvey fazia nos dias de "Rid of Me". É talvez o aperitivo mais convidativo até agora e não perde intensidade ao saltar para o palco, efeito comprovável no segundo vídeo abaixo.
Infelizmente, a digressão europeia, que arranca em Março, não inclui para já datas portuguesas, mas nunca se sabe o que o Verão pode trazer... Por agora, vale a pena aguardar o álbum e (re)descobrir o EP.