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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

Onde há fumo, há fogo (e neste caso, o rastilho para uma boa série)

Chegou à Apple TV+ sem grande alarido, mas poderá ser das surpresas televisivas deste Verão. Minissérie protagonizada por Taron Egerton, "SMOKE" volta a juntar o actor galês ao showrunner norte-americano Dennis Lehane depois da estimável "Black Bird" (2022). O arranque dá sinais de um reencontro a acompanhar.

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Há três anos, "Black Bird" ofereceu à estrela da saga "Kingsman" ou de "Rocketman" um dos seus papéis mais fortes e aplaudidos, naquela que foi uma entrada no pequeno ecrã pela porta grande (descontando algumas breves participações anteriores, sobretudo com trabalhos de voz).

Minissérie dramática de seis episódios (aposta da Apple TV+), também foi uma prova de fogo (superada) para o seu criador, Dennis Lehane, que se estreou aos comandos de uma produção televisiva depois de ter escrito para "The Wire" ou "The Outsider". Mas o norte-americano conta ainda no currículo com a autoria de romances como "Mystic River", "Shutter Island" ou "Gone Baby Gone", adaptados para cinema por Clint Eastwood, Martin Scorsese e Ben Affleck, respectivamente.

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Se todas essas histórias são habitadas por personagens moralmente ambíguas num contexto criminal, a mais recente não é excepção. "SMOKE", mais uma vez uma minissérie (agora de nove capítulos), tem a particularidade de se basear num caso verídico e segue a busca por dois incendiários de perfis distintos numa cidade norte-americana fictícia.

Inspirada no podcast "Firebug", que documenta os crimes de John Leonard Orr, centra-se num investigador de incêndios (Egerton) e numa detective que lhe é imposta como nova parceira (Jurnee Smollett). E se a dinâmica inicial da dupla não foge ao padrão de outros aliados involuntários em registo policial (do desconforto à cumplicidade vai um passo), o desenvolvimento narrativo do final do segundo episódio promete virar as regras do jogo e deitar abaixo parte do que o espectador tomaria por adquirido.

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Se essa viragem é boa ou má ideia, é uma questão para os próximos capítulos. Por agora, não desfaz a muito segura impressão inicial deixada pela solidez reconhecida nos dramas de Lehane, extensível à realização de Kari Skogland e Joe Chappelle, veteranos televisivos, e à direcção de fotografia de François Dagenais (a desenhar um cenário urbano turvo e absorvente, apenas interrompido pelas labaredas às vezes repentinas).

Taron Egerton, na pele de um investigador que lida com uma fase conturbada do casamento enquanto sonha tornar-se escritor, tem aqui outro protagonista agarrado com convicção e intensidade. Jurnee Smollett, aparentemente mais enigmática, acompanha-o sem cair nos simplismos de uma "personagem feminina forte" e sublinha o vínculo dramático de "SMOKE" ao fardo do trauma. Greg Kinnear, que já tinha participado em "Black Bird", também abrilhanta um elenco que ainda incluirá o dínamo John Leguizamo mais à frente. Na banda sonora, Thom Yorke ajuda a reforçar o prestígio com um tema inédito, "Dialing In", no genérico inicial (depois dos Mogwai na minissérie anterior). Não são maus argumentos para espreitar uma proposta mais intrigante do que muita concorrência televisiva desta silly season...

"SMOKE" estreou-se a 27 de Junho na Apple TV+ e conta com novos episódios na plataforma às sextas-feiras.

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