Os anos 80 foram tão bons, não são?
Para os NUOVO TESTAMENTO, os anos 80 nunca se foram embora. "New Earth" (2021), o álbum de estreia do grupo de Los Angeles, era uma confecção descarada e irresistível de synth-pop, Hi-NRG e italo disco que remetia muito mais para a música dos Pet Shop Boys, New Order e Depeche Mode iniciais, mas também de Kim Wilde, Exposé e Madonna dos primeiros tempos, do que para o passado dos elementos do trio vivido em bandas punk e hardcore como os Torsö, Horror Vacui ou Crimson Scarlet.
O primeiro longa-duração do projecto de Chelsey Crowley, Andrea Mantione e Giacomo Zatti também estava muito longe do que se ouvia no EP "Exposure" (2019), registo de tonalidades mais sombrias (facção coldwave), embora já aí fosse evidente a precisão rítmica e sensibilidade melódica reforçadas no formato actual.
Canções como "Electricity", "Michelle Michelle", "Prayers" e sobretudo a pérola "The Searcher" serviram pastiches de luxo numa moldura de sintetizadores vitaminados e propulsivos, curiosamente sem grande correspondência noutros nomes surgidos nos últimos anos - tirando alguns temas dos Parallels ou dos Sweet Tempest.
Talvez por isso a fórmula tenha permanecido intacta no segundo álbum, "LOVE LINES". Acabado de chegar, é provavelmente o lançamento mais garrido desta sexta-feira, mérito da alquimia do trio e da produção de Maurizio Baggio (Boy Harsher, The Soft Moon), mesmo que já sem o efeito surpresa do antecessor. Das primeiras audições sobressai logo um trunfo: o incendiário "HEAT", um dos singles, que num mundo justo teria lugar cativo em qualquer discoteca ou ginásio que se preze.