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gonn1000

Muitos discos, alguns filmes, séries e livros de vez em quando, concertos quando sobra tempo

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Os encantos de um desejado terceiro álbum

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Não falta pedigree indie a "MIRROR II", o terceiro álbum dos THE GOON SAX... O sucessor de "Up to Anything" (2016) e "We're Not Talking" (2018) é o primeiro disco dos australianos editado pela Matador Records (casa dos Interpol ou Perfume Genius), foi produzido por John Parish (nome indissociável de alguns dos melhores álbuns de PJ Harvey) e gravado em Bristol, no estúdio de Geoff Barrow, dos Portishead. E há mais: o título partiu de uma citação de Andy Warhol e um dos elementos da banda, Louis Forster, é filho de Robert Forster, dos The Go-Betweens (igualmente surgidos em Brisbane), o que talvez ajude a explicar porque é que as lições de indie rock, jangle pop, psicadelismo e pós-punk desta música parecem tão bem estudadas.

Mas um single como "IN THE STONE", o tema de avanço, era bem mais do que o produto de um estudante aplicado, soando tanto a clássico perdido de meados dos anos 80 como a uma canção intemporal que sabe conjugar melancolia juvenil e sensibilidade pop como poucas dos últimos meses.

Felizmente, as primeiras audições do disco confirmam que o encanto dessa amostra não é caso único, mérito de um alinhamento mais expansivo do que os dos registos anteriores e a tirar partido da sinergia deste trio eles e ela: Forster divide a composição, os instrumentos e a voz com Riley Jones e James Harrison, o que leva a paleta sónica a abraçar reminiscências shoegaze, góticas, dream pop ou dos girl groups, dependendo de qual dos três se destaca em cada canção.

Mais do que a herdeiro dos The Go-Betweens, o grupo soa aqui a hipotético descendente de uns Jesus & Mary Chain caso estes colaborassem com os Cocteau Twins, ou não fossem essas duas influências assumidas. O reforço das harmonias vocais e do cruzamento de guitarras, teclados, sintetizadores e percussão bem vincada é especialmente conseguido nos singles, três dos mais certeiros de 2021. Depois de "IN THE STONE", o caminho fez-se com um não menos pulsante "PSYCHIC" e atinge agora o ponto de rebuçado ao desacelerar em "DESIRE", na qual a voz feminina ganha protagonismo. "Just let the music take your heart away", entoa Riley Jones em modo doce e vulnerável. Com canções tão bem confeccionadas, é difícil não aceder ao pedido: